Desmistificar preconceitos e promover a aproximação dos migrantes às comunidades locais. É este o mote para a semana de Ação Global da Cáritas Internacional, que arranca este domingo.
Esta é a resposta concreta das Cáritas de todo o mundo ao apelo do Papa para “reforçar a cultura do encontro”, já que estas pessoas, diz Francisco, “são sinal de uma Igreja que procura ser aberta, inclusiva e acolhedora”.
Por isso, é importante “desconstruir estereótipos e barreiras que possam existir de medo e desconfiança e mostrar, tanto na partilha dos portugueses que vão para fora, como dos estrageiros que vêm para Portugal que, em algum momento da nossa vida, todos podemos ser migrantes. Não há um nós e eles, há um todos, não estamos a fazer nenhuma distinção. E aí cria-se muita empatia, também porque Portugal tem uma grande tradição de diáspora e temos muitos portugueses lá fora, mais de 2 milhões para ser exata. Portanto, é assim uma estatística muito interessante, para mostrar também como sabemos acolher. Se calhar é por causa disso que sabemos acolher tão bem”, admite Filipa Abecasis, do departamento internacional da Cáritas Portuguesa.
“Vem e partilha o teu pão”
O ponto alto desta semana acontece no dia 20 de junho, quarta-feira, dia em que se assinala do Dia Mundial do Refugiado.
A Cáritas Nacional e a Conferência Episcopal Portuguesa promovem em conjunto o encontro “Vem e Partilha o Teu Pão”.
“O que nos foi sugerido pela Cáritas Internacional era que promovêssemos um encontro e uma partilha de refeição com migrantes e refugiados e com a comunidade local. E nós chegámos a esta simbologia do pão. E então vamos pedir a todos que venham. Vamos ter uma conversa em palco com um português que tenha estado emigrado, um imigrante em Portugal e um refugiado. E depois, a seguir, vamos partilhar o pão. Todos os convidados têm que trazer consigo o pão do seu país ou das suas regiões”, explica Filipa Abecasis.
O evento começa a partir das 17h00, na Gare Marítima Rocha Conde d’Óbidos, em Lisboa, e prolonga-se até às 19h30.
Foram convidados a estar presentes membros do governo, vários organismos públicos ligados à área das migrações, 50 embaixadores das embaixadas com maior número de imigrantes em Portugal. E depois associações de migrantes, outros parceiros da Cáritas Portuguesa. Portanto, pô-los todos num encontro de partilhar o testemunho e partilhar o pão.
Está já confirmada a presença do primeiro-ministro António Costa e do Núncio Apostólico D. Rino Passigato.
Desafios e dificuldades: A realidade em Portugal
No que diz respeito à integração, os migrantes e refugiados enfrentam inúmeros desafios e dificuldades. Em Portugal há boas práticas nesta matéria a nível europeu “comparativamente a outros países”. Mas mesmo assim “existe um grande percurso que temos de delinear”, diz Filipa Abecasis.
Esta responsável considera que ainda “existem algumas falhas que podem ser melhoradas, ou seja, já há muita coisa, muitos projetos e muitas iniciativas que são muito valorizadas no terreno mas há que refletir também, fazendo uma avaliação e vendo o que é que podemos ajudar a melhorar as condições de vida destas pessoas”.
E para mudar a vida das pessoas, não é preciso “fazer coisas extraordinárias e extravagantes”, defende o Presidente da Cáritas Internacional, para quem bastam pequenos gestos de solidariedade que podem fazer toda a diferença.