O bispo auxiliar de Lisboa, D. Daniel Henriques, denunciou esta noite, no santuário de Fátima, a perseguição atual que é feita aos cristãos, simplesmente porque são cristãos.
“Unamo-nos em oração, de forma particular, pelos nossos irmãos cristãos perseguidos por causa da sua fé”, pediu o prelado, acrescentando que “o seu crime não é outro senão afirmarem-se como discípulos de Jesus e recusarem-se a abandonar esta herança recebida de seus pais”.
“Por isso, a sua vida e a das suas famílias são sujeitas a perigos constantes, vêem-se privados dos direitos básicos dos seus conterrâneos, celebram a sua fé na clandestinidade, são proibidos sob pena de morte de anunciar o evangelho aos não cristãos, vêm-se obrigados a viver como refugiados, abandonando as suas casas e as suas raízes”, concretizou.
O bispo auxiliar de Lisboa alertou ainda para o silêncio “acomodado” de países e cidadãos face ao drama da perseguição aos cristãos.
“Estes cristãos não entendem o silêncio que parece prevalecer sobre o seu drama nos países ditos desenvolvidos e que tão orgulhosamente defendem a sua supremacia no que diz respeito à defesa dos direitos humanos. Nem tão pouco entendem o silêncio acomodado de tantos cristãos desses países, acomodados e entretidos com as suas rotinas quotidianas, onde o que importa é salvaguardar uma vida tranquila e sem sobressaltos”, denunciou o prelado.
O bispo auxiliar de Lisboa exortou, por isso, os fiéis à oração pelos que são perseguidos e referindo-se à oração de Jesus disse que tinha “um jeito de rezar que se acompanhava e nutria do concreto da vida das pessoas, das suas alegrias e aflições”. E, nesse sentido, evocou uma das catequeses do Papa Francisco sobre o Pai Nosso para reforçar a ideia de que na oração não há espaço para o individualismo e para uma vida inseparável dos irmãos.
“Se não se der conta de que ao seu redor há tantas pessoas que sofrem, se não sentir dor pelas lágrimas dos pobres, se estiver habituado e acomodado a tudo, então significa que o seu coração está murcho”. “Pior: encontra-se empedernido”.
O bispo disse ainda que “a voz do Papa Francisco não se cala nem esmorece em denunciar estas situações” e que o Santuário de Fátima, “consciente da sua vocação e missão na Igreja, constantemente nos envolve e desafia, como nesta noite, na oração pelos cristãos perseguidos”.
Terceiro segredo. “Porque foi revelado, tornou-se irrelevante”
“Estamos a celebrar o aniversário da terceira aparição de Nossa Senhora em Fátima. Nesta aparição, Nossa Senhora diz aos pastorinhos um segredo que só seria plenamente revelado no ano 2000, por decisão do Papa São João Paulo II. Hoje, o seu conteúdo original e a interpretação autêntica da Sé Apostólica, todos o conhecemos. Mas porque foi revelado, para muitos, este tema deixou de ser tema e tornou-se irrelevante”, afirmou o prelado.
D. Daniel Henriques recordou que “a revelação do Segredo aconteceu, como descreve Lúcia, como uma visão vista ‘na Luz imensa que é Deus’". E que “na sua linguagem profética”, o segredo “relata a parte sangrenta e dramática da história da Igreja no século XX, no que aos mártires da fé diz respeito”.
Na sequência desta reflexão, o bispo auxiliar de Lisboa manifestou o desejo de que “o sangue dos mártires de hoje e de sempre, unido ao Sangue do Cordeiro, possam regar e fecundar as nossas almas para produzirmos abundantes frutos de santidade, nós que procuramos em cada dia viver mais próximos de Deus”.
Milhares de pessoas participaram no primeiro dia de celebrações desta peregrinação de julho, que assinala a terceira aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos.
Até às 20h00 desta sexta-feira, tinham sido assistidos no posto de socorros do santuário de Fátima 94 peregrinos.
Segundo informação do Santuário para esta peregrinação aniversária de julho, estão inscritos 72 grupos organizados, provenientes da Europa, Ásia, África, América do Sul e América do Norte.
A eucaristia desta sexta-feira, dia 12, foi presidida por D. Daniel Henriques, bispo auxiliar de Lisboa e concelebrada pelo bispo de Leiria-Fátima, cardeal D. António Marto, pelo bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco, D. Augusto César e por 65 sacerdotes.