Foi há 40 anos que, a 12 de maio de 1982, pelas 13h30, os sinos de todo o país começaram a repicar quando o ilustre visitante aterrou no aeroporto da Portela. João Paulo II, desceu do avião, ajoelhou-se e beijou o chão de Portugal. A visita durou quatro dias, com uma agenda intensa que levaria o Papa de norte a sul, com encontros e celebrações inesquecíveis em Lisboa, Coimbra, Porto e os santuários marianos de Vila Viçosa e Sameiro.
Mas a preferência do Papa não deixa dúvidas: “Estou em Portugal a realizar um sonho há muito acalentado, como homem da Igreja e desejoso de conhecer Fátima diretamente”, afirma no seu primeiro discurso, ainda no aeroporto. “Esta minha peregrinação tem um sentido dominante - Fátima. E levo no coração o cântico de acção de graças de Nossa Senhora, por Deus me ter salvado a vida, aquando do atentado a 13 de maio do ano passado.”
Para João Paulo II, há um antes e um depois do 13 de maio de 1981, ao ponto dele próprio afirmar que o seu pontificado durou apenas três anos (desde a sua eleição, em 1978, até ao atentado, em 1981) e que tudo o resto foi “graças a uma especial protecção materna de Nossa Senhora”.
Mas a sua “preferência” por Fátima veio também acompanhada por um sentimento de gratidão pelo amor à Virgem testemunhado por gerações sucessivas de portugueses, ao qual o Papa se quis associar: “Venho em peregrinação a Fátima como a maioria de vós, amados peregrinos, com o terço na mão, o nome de Maria nos lábios e o cântico da misericórdia de Deus no coração”.
No fundo, João Paulo II ajudou-nos a perceber que a beleza e importância de Fátima não diz respeito apenas à pessoa do Papa, mas tem o potencial para salvar a vida de cada um. Basta confiar e aderir aos pedidos d’Aquela que se manifestou em Fátima e que, desde os alvores da nossa história, é evocada como “a honra do nosso povo”.