Um terço dos portugueses (31%) evita ativamente conteúdos noticiosos na internet. Esta é uma das conclusões do relatório “Reuters Digital News”. A média portuguesa fica ligeiramente abaixo da média global do estudo (32%).
Para a elaboração deste relatório foram questionadas mais de 80 mil pessoas, em 38 países, entre o final de janeiro e início de fevereiro de 2019. A amostra de cada país foi de cerca de duas mil pessoas.
O documento indica ainda que 41,5% dos portugueses dizem estar cansados da quantidade de notícias com que se deparam atualmente.
Dos 2.010 inquiridos em Portugal, o que se concluí é que a televisão continua a ser a principal fonte de notícias. No panorama digital, 26,3% dos inquiridos acede às notícias através das redes sociais, embora 43,5% reconheçam que confiam mais nos motores de busca do que nas redes sociais.
Dos portugueses que responderam a este inquérito apenas “12% concordam que os media abordam os acontecimentos no tom correto” e “27,3% acham que os tópicos noticiados são relevantes”.
Já sobre a veracidade dos conteúdos, o documento atesta que “os portugueses são os segundos mais preocupados com a legitimidade de conteúdos online (75%) sendo ultrapassados apenas pelos brasileiros (85%)”.
Ainda assim, de acordo com o documento, Portugal mantém-se nos lugares de topo na lista dos países que mais confiam nas notícias (2º em 38), apenas sendo ultrapassado pela Finlândia, mantendo-se a tendência já demonstrada anteriormente.
Orientação política e consumo de podcasts acima da média
O documento leva em conta também a orientação política dos inquiridos. Quase um terço dos inquiridos (27,2%) dizem-se de esquerda, 42,1% posicionam-se ao centro, 9,0% dizem ser de direita e cerca de 1/5 dos inquiridos (21,8%) consideram-se indecisos ou indefinidos.
Neste capítulo, o relatório adianta que o cruzamento desta variável com os diversos indicadores estatísticos “revela que os portugueses indecisos ou indefinidos tendem a confiar menos em conteúdos noticiosos (49,3%) do que a amostra portuguesa em geral”.
Outro dado a reter do relatório é que sobre utilização de podcasts. “Foi um dos dados surpreendentes – 34% dos portugueses dizem ter escutado um podcast, independentemente do género, no período em análise”, lê-se no documento. Portugal surge, assim, acima da média global por seis pontos percentuais, ficando atrás apenas de Coreia do Sul, Espanha, Irlanda, Estados Unidos e Suécia.
O documento refere que a “preferência dos portugueses vai para podcasts especializados (economia, ciência, tecnologia) (12,8%) seguida de podcasts noticiosos (12,0%) e sobre desporto (10,0%)”.
“A audição de podcasts é particularmente popular entre os mais jovens: mais de metade dos portugueses entre os 18 e os 24 anos escutou algum no último mês”, acrescenta.
Em sentido contrário, Portugal fica abaixo da média no que diz respeito à disponibilidade para pagar por conteúdos noticiosos (7%). O relatório refere que “Portugal destaca-se de forma muito negativa em termos de práticas de pagamento por notícias face aos restantes 37 países”, sendo dos países onde menos se paga por notícias”. Em todo o caso, também na amostra global os dados são preocupantes, com apenas 13% dos mais de 80 mil inquiridos a dizer ter pago por notícias no ano anterior”, acrescenta o documento.
Este é o oitavo relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e o quinto a contar com informação sobre Portugal.
Consumo tradicional vs. online? Renascença a mais equilibrada
O documento analisa ainda os resultados obtidos pelas várias marcas nacionais com peso no panorama informativo e o comportamento dos consumidores no plano tradicional e online.
O relatório indica que, todas as marcas, registam números menos favoráveis no online do que no meio tradicional. A Renascença é “a rádio com maior equilíbrio entre audiência online e tradicional”, liderança que mantem desde 2017.
A imprensa, destaca o relatório, lidera “a adaptação aos novos tempos, coligindo mais audiências no universo digital”.