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“A maioria destes incêndios é posto. As ignições são de madrugada e de madrugada não há nenhum incêndio que venha do nada”, afirmou aos jornalistas durante a visita a Castelo de Paiva, no distrito de Aveiro.
Segundo a ministra, os incêndios que se prolongam desde o início da semana neste distrito estão dominados e em fase de rescaldo. Constança Urbano de Sousa aproveitou a ocasião para agradecer o trabalho dos bombeiros.
“O trabalho dos bombeiros aqui em Castelo de Paiva foi inexcedível e só temos todos de lhes agradecer esse contributo. Sem eles, isto teria sido uma tragédia. A verdade é que não temos, no continente, qualquer vida humana a lamentar”, afirmou.
Nas declarações aos jornalistas, a governante sublinhou também que só quem está no terreno sabe como deve agir perante cada situação. “Quando temos ventos absolutamente alucinantes que, contra toda as previsões, fazem com que o fogo se movimente de um lado para o outro, inevitavelmente, não há meios infinitos e que possam acudir”.
A ministra aproveitou ainda para esclarecer as declarações do ministro da Defesa quando se referiu a novos aviões militares para combate aos fogos, dizendo que José Azeredo Lopes não afirmou “que ia comprar aviões de combate a incêndios – são aviões muito específicos e que não são operados por militares” – mas sim “que poderia equipar alguns meios aéreos que vai adquirir com mecanismos que possam auxiliar em caso de necessidade”.
As Forças Armadas, destacou ainda, foram uma ajuda fundamental no combate aos incêndios da semana que passou.
Ministra sugere "utilização comunitária" para terras abandonadas
A ministra da Administração Interna manifestou-se a favor de uma "utilização comunitária" para os terrenos florestais que, estando ao abandono por parte de proprietários privados, prejudicam o combate aos incêndios.
"Temos de rever o nosso sistema de propriedade, porque, se as pessoas abandonam as suas terras e não têm interesse nelas, deveremos encontrar uma solução para haver uma utilização comunitária [desses terrenos]", afirmou aos jornalistas.
De acordo com a edição deste sábado do semanário “Expresso”, o Governo tem a intenção de passar a posse de terras abandonadas para as autarquias, que ficarão responsáveis pela sua gestão e exploração.
Numa visita ao comando de operações da Protecção Civil em Castelo de Paiva, um dos municípios atingidos por incêndios nos últimos dias, a ministra afirmou que a floresta portuguesa "está muito repartida em pequenos pedaços que são de propriedade privada" e defendeu que a ideia de se desenvolver um cadastro florestal que ajude a identificar terras abandonadas seria "muito útil".
"É uma ideia que deve ser ponderada, bem reflectida e penso que muito útil", declarou.
O presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva ainda não tem contabilizada a área ardida durante os fogos desta semana nesse concelho, mas, admitindo que se terá perdido 70% da floresta da freguesia de Real, a principal mancha verde do concelho, apoia igualmente a decisão de avançar com o cadastro dessas propriedades.
O autarca deixa, contudo, o aviso: "As autarquias já apostam muito em gabinetes técnicos da área florestal e de planeamento, mas é preciso muito mais recursos e as câmaras estão muito limitadas".