O PCP defendeu esta segunda-feira "uma avaliação mais abrangente" das ligações de sucessivos governos PSD, CDS e PS e grupos económicos no setor elétrico, na banca, correios, telecomunicações ou transportes.
Os comunistas não dizem diretamente que apoiam a audição do antigo ministro da Economia Manuel Pinho no parlamento, pedida pelo PSD, ou a criação da comissão de inquérito sobre o caso EDP, pelo BE, mas admitem que é preciso fazer uma avaliação política e continuar a "denúncia e combate às situações de subordinação do poder político ao poder económico".
No seguimento do caso de Manuel Pinho, que terá recebido dinheiro do grupo BES quando estava no Governo do PS, e "sem prejuízo da chamada do ex-ministro Manuel Pinho à Assembleia da República e da Comissão de Inquérito já anunciadas", o PCP pede uma "avaliação mais abrangente" em noutras além da energia.
Para os comunistas, "é importante" esclarecer "todos os contornos" do "mais recente caso envolvendo o ex-ministro Manuel Pinho, o BES, a EDP e o ex-ministro António Mexia", dando espaço para que as investigações e processos judiciais decorram com normalidade".
O PCP salienta que estes casos são indissociáveis dos processos de "privatizações, da submissão às imposições externas, da recuperação do poder monopolista e da relação com a crescente subordinação do poder político ao económico".
"O escândalo BES/GES foi, de resto, exemplo flagrante dessa circunstância, tendo então o PCP denunciado que ex-responsáveis políticos e governativos como Manuel Pinho ou Miguel Frasquilho [do PSD] foram, sob diferentes formas, financiados pelo Grupo Espírito Santo", lê-se no comunicado.
O PSD, primeiro, e o PS, depois, tinham pedido a audição parlamentar do antigo ministro do primeiro Governo de José Sócrates, para que Manuel Pinho esclareça alegadas suspeitas, noticiadas pelo jornal 'online' Observador, de que recebeu cerca de um milhão de euros entre 2006 e 2012, período que engloba o seu exercício de funções governamentais.
As transferências, de acordo com o jornal, que cita um despacho de 11 de abril dos procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto consultado pelo Observador nos autos do caso EDP, "terão sido realizadas 'por ordem de Ricardo Salgado' [antigo presidente do Banco Espírito Santo] ao 'aqui arguido, ex-ministro da Economia Manuel Pinho'", através de “offshores”.
O advogado de Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, afirmou hoje que o antigo ministro, arguido no caso EDP, está disposto a prestar "todos os esclarecimentos" aos deputados, mas só depois de ser interrogado pelo Ministério Público.
Ao fim da manhã, o deputado do Bloco de Esquerda (BE) Jorge Costa anunciou que o seu partido vai formalizar na quarta-feira um pedido de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao caso que envolve o antigo ministro da Economia Manuel Pinho.