A ADSE, subsistema de saúde da Função Pública, atualizou a tabela de preços no passado dia 1 de abril, mas não avisou os beneficiários que só sabem o que têm de pagar quando vão aos hospitais ou prestadores de cuidados de saúde privados. A denúncia foi feita pela Associação 30 de Julho, que recebeu várias queixas.
Contactada pela Renascença, a presidente do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE, Helena Rodrigues, confirma que não foi informada.
Helena Rodrigues diz que não é obrigatório, mas assume que seria positivo saber por antecipação os preços que mudam e porque mudam.
“Seria interessante e agradável, que em momento anterior, o conselho diretivo pudesse ter comunicado ao conselho geral e de supervisão e até aos beneficiários em alerta no site, mas tal não aconteceu”, lamenta.
Ouvida pela Renascença, Helena Rodrigues diz que aguarda agora pela reunião com a presidente da ADSE, marcada para dia 30, para saber quais os preços que foram alterados e porquê.
ADSE justifica alterações nos preços
Questionada pela Renascença, a ADSE confirma que alterou a tabela de preços do regime convencionado, para acabar com as situações específicas que existiam para as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), Misericórdias e outras entidades do setor social, e acabar com as disparidades de preços em relação aos prestadores comerciais.
Desde o passado dia 1 de abril, há uma tabela única para todos os prestadores de cuidados, sejam privados ou do setor social. Esta era uma reivindicação antiga das IPSS e das Misericórdias.
“O que a ADSE fez foi acabar com as tabelas que existiam para o setor social e ficar com uma única tabela que agora passa a ser aplicada a todos os prestadores da ADSE”, explica à Renascença Diogo Serras Lopes, da direção da ADSE.
A ADSE diz que o objetivo é criar competitividade na rede e aumentar a procura de alguns exames no setor social.
A partir de 1 de maio vão ser atualizados os preços dos partos para aumentar a adesão à rede ADSE. " distribuição dos encargos mantém-se igual: 90% do preço é suportado pela ADSE e 10% pelo beneficiário. O copagamento de um parto eutócico ficará em 232,87 €, o parto distócico 286,00€, a cesariana 345,59€ e ao adicional de gemelar acrescem 40,00€", refere a ADSE, em resposta à Renascença.
Em relação aos partos, Diogo Serras Lopes explica que a atualização do valor deve-se “ao início de uma restrição de acesso dos nossos beneficiários ao regime convencional”, uma situação que tinha que ser corrigida.
Aumentam os preços das consultas de psicologia, de 12,5 para 18 euros. Os utentes pagam atualmente 2,5 euros e vão passar a pagar 3,6 euros. A ADSE continua a suportar 80% do preço da consulta. O número de consultas comparticipadas aumenta de 12 para 24 por ano.
O preço das consultas de psicologia não era alterado “há bastantes anos” e estava desfasado da atualidade do mercado, sublinha o dirigente da ADSE.
As fraldas para incontinentes passam a ter um limite máximo de 1.440 unidades por ano, menos cerca de mil do que atualmente.
Diogo Serras Lopes explica que em relação ao transporte de doentes "o que a ADSE fez foi decalcar as regras que existem atualmente no Serviço Nacional de Saúde", para que "exista uma maior uniformização do tema e que situações de eventual abuso e desperdício sejam combatidas de forma mais eficaz".