Foi assinada, no Vaticano, uma declaração em que os representantes de três religiões – Católica, Judaica e Islâmica – condenam a eutanásia e o suicídio assistido, como atos contrários ao direito à vida. Não surpreende esta posição, pois para estas religiões monoteístas a vida é um dom de Deus. Por isso os crentes sabem que não são donos do próprio corpo e da sua vida, não podendo pôr-lhe fim.
Recorde-se que, em Portugal, representantes de oito confissões religiosas assinaram, no ano passado, uma declaração conjunta contra a eutanásia.
Mas, tal como acontece com o aborto, a recusa da eutanásia e do suicídio assistido não decorre, apenas, de considerações religiosas. É uma questão ética que resulta do respeito pela vida. Respeito que implica crentes e não crentes. Por isso a Associação Médica Mundial reafirmou a sua oposição à eutanásia e ao suicídio medicamente assistido.
Diz esta Associação não confessional que “nenhum médico deve ser forçado a participar da eutanásia ou do suicídio assistido, nem deve ser obrigado a tomar decisões de encaminhamento para esse fim”. Daí a importância da objeção de consciência.
Note-se que a Associação Médica Mundial defende que o médico pode e deve respeitar o direito do doente de recusar tratamento médico, mesmo que que esse desejo leve à morte. Também a doutrina católica se opõe ao chamado encarniçamento terapêutico, isto é, ao recurso a todos os meios disponíveis, proporcionados ou não, para atrasar a morte do doente.
Na área da saúde nota-se, por vezes, um empenho sem limites em evitar a morte de doentes – mas, em contrapartida, um certo desinteresse pela qualidade de vida dos doentes considerados incuráveis. É uma tentação que deve ser combatida. Também em nome da ética.