O comentador da Renascença Jacinto Lucas Pires aplaude a onda de apoio a Marega, mas adverte que a gravidade do assunto obriga a que haja ações.
“Tem de haver este repúdio geral, mas também tem de haver consequências”, diz o escritor sobre o caso do jogador do Futebol Clube do Porto que foi alvo de insultos racistas no jogo de domingo à noite contra o Vitória de Guimarães.
Jacinto Lucas Pires defende que “tem de haver regulamentos que deem sanções aos adeptos, se identificados, e aos clubes, porque é a única maneira de se chegar a um ponto mínimo de decência”.
Já Henrique Raposo insiste que é necessário responsabilizar individualmente quem proferiu os insultos racistas. “Há quase um grande plano sobre três ou quatro adeptos do Vitória de Guimarães que estão a fazer aqueles gestos e aqueles sons. Numa cidade pequena como Guimarães, não há de ser difícil identificá-los”, diz, exortando “o Estado de Direito” a intervir.
Raposo considera ainda que os meios de comunicação social, em particular as televisões, têm responsabilidades nestes fenómenos.
“As televisões em Portugal, todas, fomentam uma cultura de ódio, uma indústria de ódio há décadas em Portugal. Muitas pessoas que vão aos estádios só ouvem coisas de futebol. Se uma pessoa cresce – és uma criança, és um adolescente e chegas a adulto – e só ouves aquela cultura de ódio, o teu racismo sente-se legitimado para surgir nestas alturas”, argumenta.
O comentador da Renascença apela ainda a que o Benfica corte as ligações a André Ventura, deputado do Chega, que, ao contrário da generalidade das opiniões públicas emitidas sobre o caso, desvalorizou o sucedido no estádio de futebol.
"País de hipocrisia em que tudo é racismo e tudo merece imediatamente uma chuva de lamentos e de análises histórico - megalómanas. O nosso problema não é o racismo. É a hipocrisia. É o síndrome Joacine que começa a invadir as mentalidades. Por mim não passarão", escreveu Ventura no Facebook.