Nas margens do Sado, a cultura do arroz estende-se por mais de seis mil hectares. Este ano, à semelhança do que aconteceu em anos anteriores, a produção passou por um período de seca e o estuário está a 25% da capacidade máxima.
Em 2017 foi criado um grupo de trabalho, coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para apresentar um conjunto de medidas para posterior avaliação técnica e financeira e respetiva implementação no terreno.
Gonçalo Faria, coordenador da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sado, avança que este grupo tem vindo a reunir desde essa altura.
"Definiu-se um documento, enviado em devida altura ao Ministério do Ambiente e ao Ministério da Agricultura, apontando uma série de soluções que careciam dos seus estudos, por forma a estarmos melhor preparados para estes cenários de seca", explica.
Mas nada foi feito desde então, em 2018 não houve seca e o problema da falta de água não se colocou.
O documento em causa incluía propostas como o aproveitamento das águas das ribeiras que desaguam no Sado e a ligação do Alqueva à barragem do Pego ao Altar, como já se verifica com a barragem do Vale do Gaio.
Só que a possibilidade de recorrer à água do Alqueva tem o entrave dos custos associados. Aos três cêntimos por metro cúbico pedidos pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) acrescem dois cêntimos do custo de distribuição.
Gonçalo Faria garante que são "valores inviáveis para os produtores de arroz" e que ainda esperam por soluções para continuarem a conseguir produzir em média perto de 40 mil toneladas de arroz por ano.