A líder deposta de Myanmar (antiga Birmânia), Aung San Suu Kyi, foi condenada esta segunda-feira por um tribunal especial a quatro anos de prisão por acusações de incitação à agitação popular e violação das regras sanitárias da Covid-19, disse um porta-voz da junta militar que governa o país.
De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), Aung San Suu Kyi, de 76 anos, "foi condenada a dois anos de prisão ao abrigo da secção 505(b) e a dois anos de prisão ao abrigo da Lei sobre Desastres Naturais".
Também o antigo Presidente Win Myint foi condenado à mesma pena. Embora tendo sido condenados, os dois ex-governantes não darão entrada de imediato na prisão uma vez que “ainda têm de responder a outras acusações, a partir dos locais onde se encontram atualmente”.
Os advogados de Suu Kyi foram proibidos de falar à imprensa e os jornalistas não podem assistir aos julgamentos do tribunal especial.
A sentença já foi criticada pela Amnistia Internacional que considera tratar-se de “acusações falsas”.
“As pesadas penas infligidas a Aung San Suu Kyi, com base em acusações falsas, são o mais recente exemplo da determinação dos militares em eliminar toda a oposição e sufocar as liberdades”, denuncia a organização humanitária.
O diretor-adjunto regional da organização, Ming Yu Hah, diz mesmo que a “decisão absurda e corrupta do tribunal faz parte de um padrão devastador de sanções arbitrárias”.
A sentença é a primeira de uma série de processos que San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz de 1991, enfrenta depois que os militares retomaram o poder, em 1 de fevereiro, através de um golpe militar.
Aung San Suu Kyi tem sido alvo de várias acusações, incluindo incitamento à corrupção, sedição e fraude eleitoral, arriscando dezenas de anos de prisão se vier a ser condenada pelos crimes de que é acusada.
Segundo a organização não-governamental Associação de Assistência aos Presos Políticos, desde o golpe de Estado que depôs Aung San Suu Kyi, o exército reprimiu violentamente as manifestações contra o regime, em ações que levaram à detenção de cerca de dez mil pessoas e à morte de pelo menos 1.300 civis.