Os temas das mexidas na legislação laboral e a precariedade, garantidamente não vão ficar de fora das jornadas parlamentares que arrancam esta segunda-feira no distrito de Leiria. No jantar-comício nas Caldas da Rainha, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, terá a companhia de trabalhadores precários do Centro Hospitalar do Oeste, que também irão fazer uma intervenção.
Os dirigentes bloquistas deverão salientar nestas jornadas a preocupação com os atrasos na integração dos precários do Estado e sobretudo os atrasos do processo nas Comissões de Avaliação que os bloquistas consideram “insustentáveis”.
Segundo a lei aprovada no Parlamento os concursos deveriam ser abertos em meados de fevereiro, mas a análise dos processos continua. O Bloco quer saber de que está o Governo à espera e exige a conclusão dos trabalhos o mais rápido possível.
Estas jornadas parlamentares surgem na reta final da legislatura, trata-se de um “momento importante” nas palavras do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, que na antecipação aos jornalistas alertou que “ainda há muito por fazer” e referiu que o distrito de Leiria não foi escolhido ao acaso. Trata-se de desmontar a ideia de que o litoral do país não sofre de interioridade. Nada mais errado para os bloquistas.
Pedro Filipe Soares alerta para o facto de existirem muitas zonas do litoral com claras características de interioridade” e dá exemplos como a “dificuldade de acesso a serviços públicos, dificuldades de acesso e falta de presença do Estado”, como foi visível “nos incêndios e o distrito de Leiria no Verão e Outono passados foi um dos distritos mais afetados pelos incêndios”.
Os deputados vão, de resto, ao Pinhal de Leiria, onde o governo já tem intervenção após os incêndios, mas a visita deverá servir para fazer pressão e acelerar a reforma florestal e deverá surgir mais uma vez a questão da legislação em torno dos bancos de terras de que o Bloco fala frequentemente no Parlamento. No Pinhal plantado pelo Rei D. Dinis os bloquistas deverão ainda puxar para si o mérito de terem conseguido que o governo tenha limitado a plantação de eucaliptos.
A rede de comunicações de emergência nas zonas afetadas pelos incêndios também não deverá ficar de lado, tendo em conta que os cabos e as antenas arderam e as operadoras ainda não fizeram a reposição desse material, com o Bloco a apontar o dedo à falta de empenho da MEO/Altice passados vários meses.
Uma viagem de comboio, uma ida à fortaleza
Os deputados começam estes dois dias de jornadas no distrito de Leiria com uma viagem de comboio de uma hora entre Torres Vedras e Caldas da Rainha. A abertura, a cargo da coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, deverá vincar a promessa do governo de investimento na ferrovia em diversos pontos do país. A expectativa dos bloquistas é que o governo faça bom uso dos apoios comunitários do pacote de 2020.
Registo ainda para a visita à fortaleza de Peniche, após ter ficado garantido que o espaço não será concessionado para servir de hotel ou algo semelhante, muito por pressão do PCP e do Bloco de Esquerda, com os bloquistas aqui a puxar dos galões.
Dois dias no distrito de Leiria que deverão servir para fazer pressão sobre o governo, mas fontes bloquistas garantem que nesta reta final da legislatura o partido não deverá endurecer mais do que o costume: “vai ser igual, o contexto é que vai ser diferente”.