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Portugal prepara-se para aliviar as medidas de confinamento, um mês e meio depois de ter sido decretado o primeiro estado de emergência. Como fica o país, depois da fase mais dura de mitigação da Covid-19? Será que esta foi mesmo a fase mais dura? O que esperar nas várias áreas que sofreram grandes mudanças durante esta pandemia?
Todos os dias, a Renascença convida um especialista de uma área diferente a olhar para o mundo e o país pós-Covid-19. Esta terça-feira, o professor universitário e presidente da associação Zero, Francisco Ferreira, procura antecipar o impacto futuro da pandemia no ambiente.
A Humanidade enfrenta hoje desafios "como poucos algum dia imaginaram", lembra Francisco Ferreira.
Segundo o ambientalista, "a disrupção causada na vida das pessoas e das famílias, nas regras de convivência social, na economia" é inegável. "E será longo o caminho até uma nova normalidade", garante.
"A grande questão é: quais serão as características e até que ponto conseguiremos potenciar uma nova realidade que nos proteja de crises futuras que já se avizinham e que serão inevitáveis se apostarmos no regresso ao business as usual."
Contudo, se agirmos com "sapiência e coragem", diz, esta crise pode ser superada "através da união de esforços na transformação dos modelos socioeconómicos, focando-nos no bem-estar das pessoas e no estabelecimento de uma relação de equilíbrio e respeito pelos limites do planeta".
E os sinais desta transformação já começam a ser visíveis, explica, "nas correntes de solidariedade, na capacidade de adaptação rápida de muitas empresas, na disponibilização de eventos culturais para toda a população, na capacidade de adaptação de todos a novas formas de comunicar e de trabalhar a partir de casa".
É um novo mundo de possibilidades "que se abre e pode ancorar e ser potenciado" por avanços conseguidos nos últimos anos na área das energias renováveis, "da mobilidade sustentável, da agroecologia, do repensar dos produtos no sentido de fomentar a sua durabilidade, reparabilidade e possibilidade de reutilização e reciclagem".
Este é um momento de "escolhas difíceis", afirma Francisco Ferreira, mas é também o momento que "definirá o nosso futuro coletivo".
"Por isso, devemos enfrentá-lo com esperança e com coragem para promover a transição para a sustentabilidade, fundamental para a existência da espécie humana."