“Não me faça essa pergunta que me deixa triste”. A reação do presidente do Tondela, quando questionado pela Renascença se a conquista da Taça de Portugal salvaria a época, é reveladora do estado de alma de Gilberto Coimbra.
No dia seguinte à chegada de Nuno Campos a Tondela para assumir o comando técnico da equipa, no lugar de Pako Ayestarán, o dirigente, que na época 2014/15 conduziu o emblema beirão à I Liga, deixa claro que a prioridade é continuar entre os grandes do futebol português. Com a equipa a viver dias de angústia na luta pela permanência, ir ao Jamor não salvaria a época.
“De manheira nenhuma”, declara repetidamente Gilberto Coimbra. Apesar de, como diz, respeitar outras opiniões, e de reconhecer que “se conseguir o objetivo de chegar à final da Taça, há linhas que ficam escritas na história do clube”, o presidente do Tondela sublinha que tal feito não apagaria a mágoa de uma “certeza ou quase certeza de que clube possa vir a descer”.
Este colocar da Taça de Portugal num plano secundário não impede Gilberto Coimbra de dar mérito ao trabalho do basco Pako Ayestarán pela boa campanha dos beirões na prova, considerando que tal se deve “em grande percentagem, e muito, ao treinador que era o Pako”. O dirigente olha para aquilo que é óbvio - que “o campeonato não está a correr tão bem” – para considerar que é aí que entra “a fortuna e o infortúnio dos treinadores, sempre sujeitos a esta situação”.
Empate em casa com Belenenses SAD decisivo para a saída de Ayestarán
Pako Ayestarán deixou o Tondela ao fim de duas épocas em que somou 22 vitórias, em 68 jogos, nas três competições do calendário do futebol português – campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga.
O último triunfo sob o comando do treinador basco foi fora de casa, no estádio do Portimonense, a 30 de janeiro, em jogo da 2.ª jornada da I Liga. Daí para cá a equipa somou cinco derrotas na prova, a mais recente (4-0) com o FC Porto. Em tese, uma surpresa de fazer pasmar qualquer adepto até poderia ter evitado a substituição do treinador por Nuno Campos, mas é convicção de Gilberto Coimbra de que a decisão da SAD do Tondela, liderada por David Belenguer, de dispensar Pako Ayestarán, estava tomada desde o empate caseiro, na jornada anterior, com a Belenenses SAD.
“Os bons resultados não apareceram nos últimos jogos; penso eu que também tenha contado para esta tomada de decisão da administração da SAD – e tomou com toda a certeza – o jogo com o Belenenses, em casa, que teria obrigação de ganhar. Não se ganhou e talvez tenha sido a gota no copo de água”, assinala.
Se o Tondela descer é para voltar a subir. Consenso em torno de Nuno Campos
Não é a primeira vez que Clube Desportivo de Tondela vai para as derradeiras jornadas do campeonato com a água a entrar-lhe pela boca. Até agora a história teve um final feliz, com a equipa a evitar sempre a descida de divisão. A par de FC Porto, Sporting e Benfica, o Tondela é um dos clubes que nunca desceu do escalão principal.
Só nas épocas 2017/2018 (com Pepa) e 2020/2021 (com Pako Ayestarán como treinador) o emblema beirão se livrou de aflições como a que volta a viver este ano. A militar na I Liga há sete épocas consecutivas, o Tondela ocupa o 16.º lugar. Se o campeonato terminasse agora iria lutar pela permanência num "play-off" com o Desportivo de Chaves (II Liga).
Gilberto Coimbra faz notar, nesta entrevista a Bola Branca, que a chegada de Nuno Campos a oito jornadas do fim do campeonato, é uma solução encontrada “em conjunto” entre a SAD do Tondela e o próprio clube “para que se consiga manter o clube na I Liga”.
No pior dos cenários – a descida à II Liga – o presidente do Clube Desportivo de Tondela assegura aos adeptos que a reação será imediata, com o intuito de voltar ao primeiro escalão do futebol português.
“Com toda a certeza”, afirma o dirigente beirão, fazendo notar que com ele e, mais recentemente, pela terceira época seguida com a SAD, o Tondela soma sete anos consecutivos no primeiro escalão “onde quer ficar por muitos mais”, sublinha.
A descida é um cenário indesejado, mas que não desanima o presidente do Clube Desportivo de Tondela: “Esperemos que tal não aconteça, mas se acontecer tudo de fará para no ano imediato voltar à I Liga” garante Gilberto Coimbra a concluir.