O presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi esta quarta-feira constituído arguido na sequência das buscas realizadas esta quarta-feira. A informação foi confirmada à agência Lusa por fonte ligada ao processo.
Três pessoas foram detidas esta quarta-feira por suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, abuso de poder e tráfico de influências, tendo sido executadas 130 buscas nas regiões autónomas e no continente, anunciou a Polícia Judiciária.
Os detidos são o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, o presidente do Conselho de Administração do Grupo AFA, Avelino Farinha, e outro funcionário da empresa.
Em comunicado, o Ministério Público afirma que existem suspeitas de que membros do Governo e autarcas do Funchal tenham "favorecido indevidamente algumas sociedades/grupos em detrimento de outras". Os investimentos envolvem "centenas de milhões de euros" distribuídos por "várias dezenas de adjudicações em concursos públicos" da Região Autónoma da Madeira (RAM), realizadas desde 2015.
Horas antes da notícia da constituição de arguido ser conhecida, Miguel Albuquerque garantiu aos jornalistas que não se vai demitir.
“Nunca na vida tive um caso de corrupção e nunca vou ter. A mim ninguém me compra”, afirmou o presidente do governo regional, sublinhando estar de "consciência tranquila".
Minutos depois, foi Luís Montenegro quem falou. Para o líder do PSD, "do ponto de vista político nada mudou", escusando-se a dizer se Albuquerque devia demitir-se. No entanto, sublinhou que "ninguém está acima da lei" e que a justiça deve ser célere.
A Justiça e as investigações não têm calendários, afirmou esta quarta-feira o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa tinha sido questionado sobre as buscas na Madeira.
“A justiça deve exercer a sua função e missão, que é constitucional, deve investigar, a investigação surge quando surge, não tem calendários que tenham a ver com a política, e economia ou outra realidade social. Portanto, deve desenvolver-se como uma atividade natural”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, aos jornalistas, à margem de um evento em Lisboa.