O grupo de análises clínicas Germano de Sousa reconhece que houve uma queda abrupta nos testes PCR realizados à Covid-19.
Se nos picos da pandemia, os laboratórios alcançavam, a nível nacional, os 15 mil testes diários, os dados mais recentes, de segunda-feira, revelam apenas 500: uma diminuição de quase 97%.
Em declarações à Renascença, Germano de Sousa, administrador e fundador da empresa, refere que "a testagem diminuiu drasticamente".
"Já nem falo dos períodos, em plena pandemia, em que chegávamos a fazer 15 mil testes por dia. Agora, ainda ontem [segunda-feira], no total do país, fizemos cerca de 500 testes PCR e uns 200 testes antigénio", detalhou.
Tal como a Renascença noticiou, a falta de testagem e de medidas de isolamento tem dificultado um apuramento dos dados reais sobre a pandemia em Portugal, algo que tem preocupado os especialistas da área.
Germano de Sousa diz estar preocupado e reforça a necessidade de um "sistema de vigilância constante" da parte da Direção Geral de Saúde (DGS). "Já há notícias de duas novas variantes, uma de Singapura, outra da Índia. Duas novas variantes que são preocupantes e altamente contagiosas, diferentes da Ómicron."
O médico patologista clínico de formação não tem muitas dúvidas de que estas variantes deverão chegar a Portugal, com a hipótese de surgimento de "mini-surtos": "Como sempre chegam, isto agora dá a volta ao mundo".
Logo, a "DGS deverá cumprir com as suas obrigações, o seu dever, e deverá estar muito atenta ao desenvolvimento do que se está a passar".
Eficácia da vacinação permite que o país esteja "mais descansado"
Contudo, o antigo bastonário da Ordem dos Médicos confia na eficácia da vacinação em Portugal: "Ao que parece, as pessoas vacinadas têm sempre uma resistência, apesar de tudo, boa contra essas novas variantes".
"Vamos no quarto booster, as pessoas com mais de 65 anos já estão a tomar o quarto reforço da vacina. Não posso prever o futuro, mas acho que podemos estar um pouco mais à vontade", frisa.
Questionado sobre a eventual necessidade de um novo modelo de testagem á Covid-19, Germano de Sousa considera que, para já, não será urgente. "Só vai ser necessário [um novo modelo de testagem] se houver suspeitas de que vai haver uma nova variante. Se as novas variantes aparecerem, pior ou melhor, estamos vacinados contra a Ómicron."
O laboratório garante ainda que continua a comunicar os testes realizados à Direção Geral de Saúde, "tal e qual como antes".
"Positivos ou negativos, continuamos a enviar os casos [testados] para o SINAVELab, plataforma da DGS em que todos os laboratórios têm que comunicar sempre que encontram um caso positivo", remata Germano de Sousa.