A administração do Hospital de Viseu demitiu-se em bloco esta quinta-feira.
A decisão surgiu após as declarações da ministra da Saúde, esta semana, no Parlamento.
O Explicador Renascença esclarece tudo.
O que disse Ana Paula Martins?
A ministra da Saúde disse que há lideranças fracas no SNS.
Em particular, a governante referia-se às unidades hospitalares com médicos que, nesta altura do ano, já ultrapassam as 150 horas extraordinárias a que são obrigados por ano.
Isto motiva a saída da administração do hospital de Viseu?
Sim, porque é o que já acontece em Viseu.
A administração hospitalar, sentindo-se atacada por esta repreensão da ministra, decidiu apresentar a sua demissão, alegando falta de confiança política por parte da tutela.
É caso único?
Nesta altura, sim. A Renascença confrontou o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, com um eventual efeito de contágio desta demissão a outras unidades hospitalares.
Xavier Barreto admite - e espera - que tal não aconteça, lembrando que é necessário manter a estabilidade nos hospitais, para que consigam enfrentar períodos complexos como o verão que se avizinha.
A decisão pode ter consequências no atendimento dos utentes?
Já está a ter. A falta de médicos está a afetar o atendimento na urgência pediátrica que, desde o início do mês, está encerrada todos os dias entre as oito da noite e as nove da manhã.
Mas os problemas não são de agora: em finais do ano passado, a direção clínica do Hospital de Viseu alertava para o risco de colapso por receber doentes de outros hospitais, nomeadamente da Guarda.
Na altura, isso motivou o encerramento noturno da urgência de cirurgia e de ortopedia e, até, a inativação da via verde coronária.
Isto para não falar dos constantes problemas no atendimento na urgência geral, que levaram a administração do Hospital de Viseu a falar em situação de estrangulamento do serviço.