Neto de um advogado, com o título de cavaleiro, Sir Richard Branson recebeu também ele o título de Cavaleiro do Império Britânico. Foi em 2000, das mãos da Rainha Elizabeth II.
O britânico abandonou cedo os estudos, devido a dificuldades de aprendizagem, agravadas por dislexia. No entanto, mostrou desde cedo talento para os negócios. Antes de deixar o colégio já fazia dinheiro com um colega e futuro sócio, fosse a criar pássaros para vender ou pinheiros para árvores de Natal. Mas o que viria a dar início ao império da Virgin foi a “Student”, uma revista que se tornou a voz de muitos alunos ingleses e veículo de promoção do rock.
Porque a revista tinha público, mas não tinha anunciantes, foi à procura de dinheiro na música. Descobriu que os preços dos vinis estavam combinados entre as fábricas e as lojas, para vender mais barato lançou a distribuidora de discos “Virgin Mail Order”. Seguiu-se um estúdio, uma gravadora. Por Branson passaram nomes como Queen, The Cure, Cranberries, Radiohead, Mike Oldfield, Sex Pistols, David Bowie, Rolling Stones e The Who.
Branson gosta de diversificar nos negócios, é dono de vários grupos empresariais, em diferentes áreas, mantém o nome Virgin como linha condutora. No início dos anos 50 já tinha mais de 50 empresas, que iam desde a produção de vídeo até sistemas de ar condicionado, bares e videojogos.
Um voo cancelado levou Branson para uma nova área de negócio: as viagens aéreas. No regresso de umas férias comprou uma companhia aérea, que rebatizou como Virgin Atlantic.
A imagem do dono confunde-se com a marca e ele sabe usar isso em proveito próprio. Herdou do pai o gosto pelo desporto e durante décadas aproveitou essa paixão para quebrar recordes mundiais ou em hobbies mediáticos, como atravessar o Canal da Mancha num veículo anfíbio. Usa também a aparência de rockstar para promover os negócios. Muitos são atraídos por esta quebra com o tradicional para se associarem à marca Virgin, que foi crescendo.
Virgin Balloon Flights, Virgin Australia, Virgin Hyperloop One, Virgin Voyages, Virgin Oceanic, Virgin Megastores, Virgin Voucher, Virgin Care, Virgin Active, Virgin Media, Virgin Mobile, Virgin Radio, Virgin Money UK, Virgin Money US, são só algumas das marcas do empresário, que vão desde os transportes aos media, saúde ou finanças.
É também autor. Já editou vários livros, incluindo duas autobiografias. Em “Losing My Virginity” conta a história da Virgin, desde a revista Student até se tornar uma das maiores marcas globais. A continuação foi publicada em 2017, com o título “Finding My Virginity”, e explora os sucessos e fracassos.
O lado B de Branson
Nem tudo em que Branson toca se transforma em ouro. Além de negócios falhados, como a “Virgin Cola” que iria competir com a Coca-Cola, o empresário tem sofrido pesadas derrotas.
Nos anos 90, com a subida do preço dos combustíveis, foi obrigado a vender a Virgin Records para salvar a companhia aérea.
A última grande perda chegou em 2020, com a pandemia. Devido à elevada exposição da Virgin aos setores do turismo e dos transportes, as empresas do grupo foram obrigadas a pedir ajuda ao governo com uma reestruturação de emergência para evitar a insolvência. Branson chegou mesmo a dar uma ilha como garantia para salvar o grupo.
A pandemia ainda reservava outro duro golpe ao empresário, que viu a mãe morrer no início de 2021, vítima de covid-19. Eve tinha 96 anos. O patrão da Virgin homenageou “a mulher corajosa”, que lhe deu os 100 euros que permitiram arrancar com o negócio que deu origem à fortuna que hoje tem.
Meses depois, em julho, espera dar a volta a este ano e concretizar o voo mais alto: chegar às estrelas. A viagem ao espaço no foguetão da Virgin Galatic já está marcada, para dia 11.