João Galamba está no olho do furacão à boleia da designada "reunião secreta" que manteve em janeiro com a então CEO da TAP e o PSD considera que o ministro das Infraestruturas tem explicações a dar, porque as que deu "não colhem", conclui o líder parlamentar social-democrata.
No programa de debate da Renascença São Bento à Sexta, Joaquim Miranda Sarmento diz que a bancada que lidera chamou Galamba ao Parlamento tendo em conta que se "inventou esta narrativa de que foi a CEO da TAP que pediu para estar presente na reunião".
Esta é uma posição contrariada durante o debate pelo líder parlamentar do PS: "isso não se inventou", com Eurico Brilhante Dias a considerar mesmo que "essa ideia de inventar é chmar mentiroso ao ministro", atirando ainda que "aí é preciso ter cuidado, não é razoável".
Miranda Sarmento manteve a linha de raciocínio referindo que a pergunta a fazer é: "como é que a CEO da TAP soube que havia uma reunião?", teando em conta que "aceitou ir à reunião".
Brilhante Dias atalhou dizendo que Christine Ourmières "não aceitou, pediu para ir à reunião" e Miranda Sarmento manteve-se na sua: "mas como é que ela soube da reunião?", concluindo o líder parlamentar social-democrata que "a explicação que é dada pelo ministro é uma explicação que não colhe".
Na réplica, Brilhante Dias referiu que "é uma explicação que tem dez dias e que não foi desmentida". Ou seja, o comunicado que o ministério das Infraestruturas emitiu na semana passada referindo que foi a então CEO da TAP a pedir a reunião não foi contrariado pela própria Ourmières.
Num debate vivo e com diversas interrupções de parte a parte, Brilhante Dias defendeu ainda Carlos Pereira, o vice-presidente da bancada do PS que esteve na tal reunião secreta. O líder parlamentar socialista defende que os deputados têm "o direito de fazer dentro da legalidade as reuniões que bem entendem".
E aqui Brilhante Dias coloca a hipótese de "discutir a publicidade obrigatória de reuniões que tem a ver com a lei do 'lobby' que nalguns parlamentos é muito discutido", algo a que Miranda Sarmento não se opõe, mas que considera não ser exatamente o ponto da questão neste caso.
Para o líder parlamentar do PSD a questão "é se acha normal que um ministro concorde que uma presidente de uma empresa pública se reúna com um deputado?", ao que Brilhante Dias contrapõe que "a questão central é saber se a senhora foi condicionada ou se não foi condicionada e ela disse que não tinha sido condicionada nem tinha preparado perguntas e respostas".
Brilhante Dias, que esta quinta-feira de manhã se manteve em silêncio na sala de conferências de imprensa do Parlamento ao lado de Carlos Pereira enquanto este dava explicações sobre a sua saída da comissão de inquérito à TAP, diz ao São Bento à Sexta que o deputado sai porque a notícia do Correio da Manhã a isso o levou.
"É evidente que a notícia de hoje o colocava mais uma vez perante a insinuação, suspeição e especulação, apesar de ter dado todas as explicações e acho que a decisão que tomámos é um ato que nos ajuda a focar a comissão de inquérito naquilo que é essencial", resumiu Brilhante Dias.
Nesta edição do São Bento à Sexta, houve tempo ainda para confrontar Miranda sarmento com as declarações do líder do PSD sobre entendimentos com o Chega. O líder parlamentar salientou que Luís Montenegro não disse nada que já não tivesse dito no Congresso de 2022.
"Nunca houve tabú, agora não precisamos de andar a falar do Chega todos os dias, nós não falamos. Connosco não haverá acordos com partidos e com pessoas que defendem ideias que estão para lá de uma linha vermelha ou laranja e isso sempre foi claro para nós, mas também não andamos a por o Chega no centro do debate político porque não é isso que interessa aos portugueses", concluiu o líder parlamentar do PSD.