O técnico nacional da paracanoagem, Ivo Quendera, considera que o futuro paralímpico português na modalidade está em causa face ao anunciado corte ao financiamento do desporto por parte da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
"Ter dinheiro para a próxima época (até Paris 2024) é tapar buracos, não uma perspetiva de futuro de desenvolvimento da modalidade a longo prazo. Se há problemas para financiar as bases, a médio e a longo prazo prevejo que não possamos continuar com os resultados e estas alegrias que temos trazido para Portugal", desabafou, em declarações à Lusa.
A SCML anunciou há dias a revisão do "plano de patrocínios delineado para 2023", decisão que vai ter forte impacto no desporto -- sobretudo nas federações desportivas e Comité Olímpico de Portugal -, embora o organismo tenha negado que os cortes afetassem a preparação para Paris 2024.
"Encontramo-nos em momento de incerteza por causa do financiamento. Estes apoios não servem para as federações fazerem tudo. Quando falamos da necessidade de captar jovens atletas e talentos, se não houver esse apoio, isso vai trazer problemas e atrasar -- ou impossibilitar -- que jovens venham substituir estes atletas de topo como o Norberto Mourão, Alex Santos ou Floriano Jesus", acrescentou.
Precaver o futuro, que se joga além de Paris2024, é fundamental, tendo em conta que, por exemplo, Norberto Mourão, medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, vai lutar por novo pódio para o ano em França, já com 44 anos.
"Eles já estão a caminhar para idade avençada e devíamos ter mais jovens a lutar e trabalhar para os substituir para o ciclo Los Angeles 2028. Com esta quebra de financiamento, quatro anos assim, sem apostar nas bases, e dificilmente os vamos conseguir substituir", alertou.
Além de Norberto Mourão, bronze em VL2, Portugal contou em Tóquio 2020 com Alex Santos, quinto em KL1: ambos estão nos Mundiais de Duisburgo, Alemanha, em busca de qualificar para Paris2024, tal como Floriano Jesus, igualmente em KL1.