O Presidente da República está a "patrocinar a manutenção no Governo das mesmas forças [políticas] que os portugueses disseram nas urnas que não queriam que continuassem", acusa o líder parlamentar do PCP.
O deputado comunista João Oliveira, no Parlamento, lamentou a opção de Cavaco Silva de "avançar num caminho", previamente à "auscultação de todos os partidos para tomar uma decisão".
"Está a procurar ignorar que domingo passado houve eleições e que o Governo que até agora tinha maioria absoluta para governar foi derrotado e deixou de ter condições de legitimidade política na Assembleia da República para prosseguir o caminho de desastre que vinha executando", disse.
Segundo o parlamentar do PCP, "dizendo que não cabe ao Presidente, mas sim aos partidos políticos criar condições para um novo Governo e que não se substituirá aos partidos, [Cavaco Silva] está a passar por cima dos partidos políticos e do seu papel".
"O Presidente está a procurar insistir na perpetuação da política que vinha sendo executada pelo Governo, particularmente com aquelas notas de continuação da submissão externa no plano da participação de Portugal na NATO, as questões do euro, do Tratado Orçamental ou mesmo da renegociação da dívida", acrescentou.
Cavaco Silva, que esteve uma hora reunido com o presidente do PSD, líder da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) e ainda primeiro-ministro, Passos Coelho, anunciou ter encarregado o chefe de Governo de desenvolver diligências para avaliar as possibilidades da constituição de uma "solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país".
O chefe de Estado adiantou ainda que não vai substituir-se aos partidos políticos no processo de formação do futuro executivo, mas sublinhou que este "é o tempo do compromisso" e a cultura da negociação deverá estar sempre presente.