O sínodo não é um espaço para negociar decisões. A chamada de atenção é do Papa Francisco, no dia em que começaram os trabalhos da 14.ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que está a decorrer no Vaticano e é dedicado à família.
“O sínodo não é um parlamento onde, para se alcançar um consenso ou acordo comum, é preciso negociar, fazer pactos ou assumir compromissos. O único método do sínodo é abrir-se ao Espírito Santo, com coragem apostólica, com humildade evangélica e com oração confiante, para que seja Ele a guiar-nos e a iluminar-nos”, avisou Francisco esta segunda-feira.
O Papa explicou depois como deseja que seja entendido o encontro. “O sínodo é uma expressão eclesial, isto é, a Igreja que caminha em conjunto para ler a realidade com os olhos da fé e o coração de Deus”, precisou. “É um caminhar juntos, com o espírito de colegialidade e sinodalidade, adoptando corajosamente a franqueza”, prosseguiu.
Francisco pediu “coragem apostólica”, sem “medo das seduções do mundo que tentam apagar do coração dos homens a luz da verdade, substituindo-a com pequenas luzes temporárias. Coragem apostólica para avançar com a vida e não fazer da nossa vida cristã um museu de recordações. Humildade, que não leva a apontar o dedo contra os outros para os julgar, mas para lhes estender a mão, para os levantar, sem nunca se sentir superior a eles.”
Neste sentido, convidou os bispos a “valorizar e reflectir em conjunto” sobre o trabalho realizado desde a reunião extraordinária de 2014, elogiando “todas as pessoas que se deixam guiar pelo Deus que surpreende sempre”, do Deus que “criou a lei e o sábado para o homem e não ao contrário”.
Francisco pediu ainda aos 300 bispos presentes que não se limitassem a falar, mas que tentassem ouvir Deus e perceber a sua vontade para os milhões de fiéis da Igreja.
O sínodo dos bispos, que começou no dia 4 e decorre até 25 de Outubro, vai ter 13 sessões de trabalhos em grupo, com mais espaço para o debate e o diálogo.
“A escuta dos desafios sobre a família”, “O discernimento da vocação familiar” e “A missão da família hoje” são os temas a debater ao longo de três semanas.