As forças sírias pró-regime do presidente Bassar al-Assad bombardearam o enclave de Ghouta, no leste da Síria, controlado pela oposição. A incursão no bastião rebelde provocou 194 mortos e centenas de feridos nos últimos dias.
O ataque, que começou no domingo ao fim da tarde, está já a ser considerado um dos mais sangrentos da guerra civil que dura há vários anos na Síria. Cinco hospitais da região também foram bombardeados, dois hospitais suspenderam as operações e um foi colocado fora de serviço.
"Estamos perante o massacre do século XXI", disse às agências internacionais um dos médicos do leste de Ghouta. "Se o massacre da década de 1990 foi Srebrenica e os massacres da década de 1980 foram Halabja e Sabra e Shatila, então o leste de Ghouta é o massacre deste século e está a acontecer agora", considera o clínico.
O número diz apenas respeito apenas às vítimas civis registadas desde o passado domingo, no enclave de Ghouta, a leste de Damasco, segundo os dados recolhidos pela organização não-governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
UNICEF sem palavras
O Fundo das das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) emitiu esta terça-feira um comunicado sobre os ataques em Ghouta, onde revela que já não há palavras para descrever a situação na Síria.
O documento "A Guerra contra os menores na Síria" da UNICEF só tem a frase "nenhuma palavra fará justiça aos menores assassinados, às suas mães, aos pais e aos entes queridos".
O diretor do Unicef para o Médio Oriente e Norte da África, Geert Cappelaere deixou o resto na nota em branco. "Já não temos palavras para descrever o sofrimento dos menores e a nossa indignação", pode ler-se no rodapé do documento.
No ataque a Ghouta morreram pelo menos 20 crianças e adolescentes. "Aqueles que infligem o sofrimento ainda têm palavras para justificar esses atos bárbaros?", pergunta a UNICEF.
O bastião rebelde de Ghouta, controlado pela oposição a Bashar al-Assad, está a ser alvo de uma ofensiva do regime desde o passado dia 7 de fevereiro. Na região habitam mais de 400 mil civis.
Nos últimos três meses já morreram mais de 700 pessoas, sem incluir as mortes na última semana, de acordo com as instituições locais.
O conflito na Síria já forçou mais de 5 milhões e meio de cidadãos a fugir do país. Mais de 3 milhões estão registados na Turquia, o país que acolhe mais refugiados no mundo. Uma realidade retratada na reportagem da Renascença "Encalhados na Turquia".