A ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, assumiu hoje que se assusta com o crescimento do radicalismo e defendeu a necessidade de "manter a confiança nas instituições democráticas".
"É muito importante que continuemos a lutar para que a democracia possa sobreviver, possa aprofundar-se e para que a paz seja uma realidade", defendeu a ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares.
A ministra destacou ainda a inauguração deste mural acontecer a oito dias da celebração dos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro, já que Aristides de Sousa Mendes "é património da Humanidade" na defesa dos direitos humanos.
"Não deixa de ser simbólico que este mural de exceção seja pintado por um jovem de 23 anos, o que significa que as novas gerações estão também comprometidas com os valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos", defendeu.
A governante realçou ainda um concerto na próxima quinta-feira, na Gulbenkian, com uma orquestra constituída para esse efeito, que reúne músicos de várias nacionalidades que se instalaram em Portugal.
"Com este mural e com a música demonstramos que a Arte é um bom veículo para transmitir valores e os valores que se impõem numa altura em que o extremismo, o radicalismo, a xenofobia e a discriminação começam a imperar", apontou.
Questionada se a assusta o crescimento do radicalismo, Ana Catarina Mendes assumiu que a "assusta muito" e que, por isso, se deve trabalhar para "manter a confiança nas instituições democráticas".
"Respeitar o Estado de Direito, respeitar a democracia e valorizar aquilo que deve ser valorizado, que são estes valores que devem ser passados às novas gerações", acrescentou.
Ana Catarina Mendes lembrou que "muitas pessoas em ditadura morreram" para que a sua geração e a geração atual "pudesse viver em democracia e ter hoje estas responsabilidades".
"Quem tem hoje responsabilidades públicas tem uma dívida acrescida para com a sociedade que é continuar todos os dias a trabalhar para que a democracia se reforce", assumiu.
A governante foi ainda questionada pelos jornalistas, no final da cerimónia, se a democracia em Portugal estava em causa, ao que respondeu que, "felizmente, é uma democracia madura, que faz 50 anos no próximo mês de abril".
"Por isso mesmo tem resistido àquilo que têm sido os ataques que lhe têm sido feitos e estou em crer que continuaremos a defender cada vez mais e a robustecer a nossa democracia", disse.
A governante defendeu ainda que "é importante continuar a sublinhar a importância do respeito pela dignidade humana, do respeito pela liberdade, do respeito pela democracia, do respeito pela igualdade".
Lembrou ainda a história de Aristides de Sousa Mendes, que perdeu a sua carreira de cônsul, "o seu conforto", em prol da sua consciência e em defesa dos direitos humanos e que acabou na miséria.
O mural situa-se num largo de Cabanas de Viriato, junto à estátua de Viriato, e foi pintado por João Figueiredo, de nome artístico Pompeu, que numa fachada lateral de um prédio pintou o rosto de Aristides de Sousa Mendes, juntamente com outros símbolos.
"O caminho de ferro com a representação de todos os locais por onde passaram os judeus até chegarem a Cabanas de Viriato, o carimbo, a assinatura, a estrela de David e a casa" do cônsul, descreveu Pompeu, que é natural de Carregal do Sal e já tem murais em vários pontos do país.