Há 36% das empresas do setor da restauração que ponderam avançar para insolvência, dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua atividade. Os números são avançados pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
No inquérito a empresas do setor, referente ao mês de janeiro, que contou com 1.042 respostas válidas, verificou-se que mais de metade, 51% das empresas, indicam estar com a atividade totalmente encerrada.
Em relação à faturação, para as empresas inquiridas a quebra do mês de janeiro "foi avassaladora": 79% registaram perdas acima dos 60%.
Perante esta realidade, 44% dos inquiridos já efetuaram despedimentos desde o início da pandemia. Destes, 19% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo.
Neste aspecto, há ainda 19% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do primeiro trimestre de 2021.
Como consequência da forte redução de faturação, 18% das empresas não conseguiram efetuar o pagamento dos salários em janeiro e 18% só o fez parcialmente.
No que respeita aos apoios à manutenção dos postos de trabalho, 25% dos negócios não apresentaram candidatura ao "lay-off" simplificado, e destas, 14% indicaram como motivo a possibilidade de poderem efetuar despedimentos.
Quanto aos novos programas de apoio a fundo perdido, muitas empresas vão ficar de fora: 38% não apresentaram candidatura ao Apoiar.PT, das quais 67% não cumprem com os requisitos de acesso. Em relação ao Apoiar + Simples, específico para ENI no regime simplificado, apenas 20% tinham apresentado candidatura à data de preenchimento do inquérito, e 36% indicaram estar excluídos deste apoio: 29% por quebras inferiores a 25% e 17% por não terem trabalhadores a cargo.
Por último, no programa recentemente disponibilizado Apoiar Rendas, 35% das empresas também indicaram estar excluídas, das quais 27% registam quebras inferiores a 25% e 17% têm capitais próprios negativos.
Ao olhar para estes dados, a AHRESP, acredita que "é evidente a insuficiência dos apoios até aqui disponibilizados e a necessidade urgente do seu reforço".
Por outro lado, afirma que "as mais de 95% de micro e pequenas empresas da restauração e alojamento não têm capacidade para aceder à complexidade destes apoios".
Perante esta situação, a AHRESP apresentou ao Governo a criação de um Mecanismo Único de Apoio às Empresas, que permita um acesso ágil, simplificado e concentrado, através de uma única candidatura, aos apoios disponíveis.
"É este o momento de apoiar as 120 mil empresas da restauração, similares e alojamento turístico, os 400 mil postos de trabalho diretos que têm a seu cargo, e os muitos outros milhares de empresas e de postos de trabalho que dependem de nós, e da nossa existência enquanto atividade económica", conclui a associação.
Em relação à área do alojamento turístico, a mesma associação aponta que em janeiro, 42% das empresas inquiridas não registou qualquer ocupação, e 32% indicou uma ocupação até 10%. Para o mês de fevereiro, 65% das empresas estimam uma taxa de ocupação zero, e 19% das empresas perspetivam uma ocupação máxima de 10%.
Um terço das empresas tem a atividade suspensa.
À data de preenchimento do inquérito, apenas 12% das empresas indicaram ter reservas para o período da Páscoa, e 16% das empresas ponderam avançar para insolvência por não conseguirem suportar todos os normais encargos da sua atividade.
Para as empresas inquiridas, a quebra de faturação do mês de janeiro foi devastadora: 56% das empresas registaram perdas acima dos 90%. Como consequência da forte redução de faturação, 26% das empresas não conseguiram efetuar pagamento de salários em janeiro e 8% só o fez parcialmente.