PSD e CDS preferiam que o Parlamento se reunisse para debater a polémica das viagens de secretários de Estado pagas pela Galp em vez da comissão informal que, esta quinta-feira, vai ouvir o Governo sobre incêndios. Mas o caso das viagens também já motiva farpas internas no PSD, com o líder parlamentar, Luís Montenegro, a criticar colegas de direcção e de partido.
O pedido para que fosse convocada uma comissão permanente da Assembleia da República para discutir esse assunto tinha sido feito pelo CDS, mas, esta quarta-feira, na conferência de líderes, a esquerda rejeitou esse pedido e, em vez de uma reunião da comissão permanente da Assembleia da República, marcou para amanhã uma comissão informal para deputados de todos os partidos ouvirem explicações do Governo.
O presidente do grupo parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, não desiste. “O caso não está encerrado, não está esclarecido e da parte do CDS não estará concluído”, afirmou aos jornalistas, à saída da conferência de líderes.
Magalhães, que foi secretário de Estado da Administração Interna, considera que não é tempo para balanços, mas “tempo para combate, apoio e solidariedade”.
Ainda quanto à polémica das viagens, o CDS deve levá-la à comissão permanente que já estava marcada para 8 de Setembro. Todavia, antes, vai questionar o primeiro-ministro se, até Setembro, está em condições de garantir aos portugueses que nenhuma decisão será influenciada pelo caso das viagens pagas pela Galp para três secretários de Estado irem ver jogos do Euro 2016.
Farpas sociais-democratas
Também o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, promete voltar a este assunto e garante que não se sente condicionado pela polémica levantada quanto às suas próprias viagens, justificadas como trabalho político. Montenegro acusa mesmo colegas de partido de tentarem usar o caso para atacar as suas ambições políticas.
“Por estes dias, assisti, conformado, a um aproveitamento dessa situação, que também foi aproveitada, até, por companheiros meus de partido para criar algumas dificuldades, porque, infelizmente, também tenho a noção de que há no meu partido pessoas que se preocupam mais com o meu futuro do que eu próprio”, afirmou Montenegro, a quem têm sido atribuídas regularmente ambições de chegar à liderança do PSD.
Se Montenegro justificou as faltas ao plenário para "ir à bola" com trabalho político, outro deputado do PSD, Hugo Soares, vice-presidente da bancada, justificou as faltas para ir ver o futebol com motivo de força maior. Luís Montenegro, como presidente da bancada, validou a justificação, mas agora critica.
“Creio que essa justificação não foi a mais correcta”, disse o dirigente social-democrata que diz ter por hábito não justificar o “motivo de força maior” e não se ter dado conta que a falta coincidia com um dia de jogo. Agora, Montenegro espera que Hugo Soares corrija essa justificação.