Mário Semedo, presidente da Federação de Cabo Verde, lamenta que a direção e treinador do Portimonense tenham pressionado Hélio Varela a falhar o Campeonato das Nações Africanas (CAN).
O avançado de 21 anos, figura dos algarvios esta época, anunciou a decisão no início de janeiro depois de se ter juntado ao estágio da seleção em Tróia. Entretanto, já voltou a jogar pelo Portimonense, a 7 de janeiro, contra o Rio Ave.
Em entrevista à Renascença, o dirigente lamenta a "atitude mesquinha" do clube algarvio.
"Do nosso ponto de vista, houve uma atitude mesquinha do clube e treinador. Fizeram uma pressão enorme para não vir à seleção. É um palco muito interessante, o Hélio poderia tirar muitas vantagens", diz.
Bruno Varela tomou decisão semelhante, que justificou com "questões éticas e morais", tendo em conta que "não tinha participado em nenhum estágio de qualificação para o CAN". Mário Semedo compreendeu e respeitou a decisão.
"Respeitamos a decisão do Bruno Varela, foi sincero e apresentou os seus fundamentos. Esperamos que tenhamos mais oportunidades para estar connosco. Continuamos a contar com ele, que não nos cortou essa possibilidade", explica.
Afirmação lusófona "importante"
Cabo Verde estreia-se no CAN no domingo contra o Gana. Defrontará ainda o Egito e Moçambique. A expectativa é chegar aos oitavos de final.
"Queremos fazer uma boa prova, que para nós seria qualificar para a fase seguinte. Depois, ir disputando os jogos e tentar fazer a melhor posição possível. O primeiro objetivo é passar os grupos", aponta.
É a primeira vez na história que há quatro seleções dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) na prova. Mário Semedo fala num importante momento de afirmação lusófona.
"É muito interessante, servirá para a confirmação do desenvolvimento do futebol lusófono. O futebol africano tem sido dominado pelos francófonos e anglófonos. A presença em massa da lusofonia é muito importante", diz.