Zelensky pede à Alemanha para destruir o "novo muro" da Europa
17-03-2022 - 09:20
 • Lusa

Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de 4,8 milhões de pessoas, mais de três milhões das quais para os países vizinhos.

O Presidente ucraniano exortou esta quinta-feira a Alemanha a derrubar o "novo muro" contra a liberdade que existe na Europa, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Não é um muro de Berlim, é um muro na Europa Central entre a liberdade e a escravidão, e este muro fica maior a cada bomba lançada sobre a Ucrânia", disse Volodymyr Zelensky.

"Caro chanceler [Olaf] Scholz, destrua esse muro, conceda à Alemanha o papel de desempenhar essa conquista", disse o presidente ucraniano perante a Câmara Baixa do Parlamento alemão (Bundestag) num discurso que está hoje de manhã a ser transmitido em vídeo e dirigido aos deputados alemães.

Zelensly fez, deste modo, referência direta ao apelo que Ronald Reagan dirigiu a Mikhail Gorbachev, o último líder soviético, sobre o Muro de Berlim construído pela União Soviética em 1961 e derrubado em 1989, no início do colapso do regime comunista.

No início do discurso, o chefe de Estado ucraniano foi fortemente aplaudido pelos parlamentares alemães, de acordo com a AFP.

"Apoie a liberdade, apoie a Ucrânia, pare esta guerra, ajude-nos a parar esta guerra", acrescentou Zelinsky, segundo avança a Reuters.

No seu discurso, o presidente também lamentou as estreitas relações estabelecidas entre Alemanha e Rússia nos últimos anos, especialmente no campo energético. "Caro povo alemão: como é possível que, quando dissemos que o Nord Stream [gasoduto entre Rússia e Alemanha, cuja entrada em operação foi finalmente suspensa por Berlim] era uma forma de preparar a guerra, ouvíssemos em resposta que 'era puramente econômico'?", questionou. Esses projetos realizados pela Alemanha e Rússia "foram a base do novo muro", criticou.

Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de 4,8 milhões de pessoas, mais de três milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU - a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).