Os incêndios na Austrália são uma realidade que se repete todos os anos, mas a devastação provocada pela vaga de incêndios que começou no fim de julho de 2019 e ainda não terminou está a atingir proporções inéditas.
De acordo com os últimos dados, 2.700 bombeiros estão a combater as chamas – três já perderam a vida - e cerca de 3.000 militares na reserva foram chamados a colaborar.
Na zona de Nova Gales do Sul, estão ativos 136 incêndios e 69 ainda não estavam controlados esta segunda-feira.
Segundo as autoridades australianas, desde julho, já morreram, pelo menos, 24 pessoas vítimas dos fogos. A maior parte (18) habitavam em Nova Gales do Sul, a zona mais afetada pelos incêndios até ao momento. As outras pessoas morreram em Victoria e Austrália do Sul. Duas pessoas estão ainda desaparecidas.
A vida selvagem também está a ser fortemente afetada pelos incêndios incontroláveis, estimando-se que já tenham morrido mais de mil milhões de animais, desde setembro, segundo dados avançados pela WWF australiana.
Em dezembro, o fumo na cidade de Sydney era tão intenso que todas as atividades ao ar livre foram proibidas. A qualidade do ar, medida através de um índice - Air Quality Index -, classifica a situação de perigo a partir do nível 200. No início de dezembro, a poluição do ar era tanta que o índice subiu para 2.214, 11 vezes superior ao primeiro grau de perigo.
No total, a nível de área, já arderam quase seis milhões de hectares, o equivalente a quase 60 mil km2, duas vezes a área total da Bélgica. No estado de Nova Gales do Sul, mais de 1.300 casas foram destruídas.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou um fundo de mais de mil milhões de euros para ajudar as comunidades a recuperarem dos estragos deixados pelos incêndios e ainda que cada bombeiro voluntário que combata os fogos durante mais de 10 dias irá receber 4.200 dólares (cerca de 3.760 euros).
Apesar das causas naturais serem apontadas como as principais responsáveis pelos grandes incêndios, a polícia já instaurou processos a 180 pessoas que podem ter contribuído para a deflagração destes fogos.
Em conferência de imprensa, esta terça-feira, o departamento policial de Nova Gales o Sul, ressalvou que apesar de saber que “nem todas estas pessoas tinham intenção de matar pessoas ou destruir casas” é essencial que exista uma vigilância apertada.
Do total de acusados, apenas 24 estão indiciados de ter começado um incêndio deliberadamente. Dos restantes, 53 desrespeitaram proibições impostas pelas autoridades, como por exemplo, fazer fogueiras ou queimadas e 47 serão apenas multados por terem atirado cigarros ou fósforos para o chão.
Em novembro, um adolescente de 19 anos foi detido por alegadamente ter começado um incêndio de forma intencional.
Apesar do combate diário destes fogos e dos vários donativos que têm sido feitos, é ainda difícil de prever quando irão os incêndios terminar, tendo em conta que na Austrália o verão está ainda a começar. Os termómetros podem atingir novos recordes de temperatura máxima durante o mês de janeiro e fevereiro.