O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou hoje a decisão do Governo de impor a prescrição pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) para a realização de testes gratuitos à covid-19 nas farmácias.
"Agora, perante o aumento dos casos da covid-19 e depois de forte pressão pública, o Governo anuncia retomar a disponibilidade de testes gratuitos nas farmácias, mas manda os utentes para os centros de saúde, que já não têm mãos a medir, para obterem previamente uma prescrição médica", afirmou.
Para Jerónimo de Sousa, com esta medida, o Governo pretende "das duas uma: ou é para entupir ainda mais os centros de saúde ou é para criar uma barreira ao acesso aos testes e, assim, não gastar uma verba significativa".
"Depois admiram-se que as pessoas vão à urgência mais próxima", atirou.
Apontando várias falhas do Governo socialista na área da saúde, o secretário-geral do PCP advertiu que "para a generalidade dos portugueses chegar aos cuidados de saúde de que necessita é cada vez mais difícil".
"São os que não têm médico de família nem perspetiva de o vir a ter, são as desigualdades para utentes e também profissionais, são os que se perfilam de madrugada para ter acesso a uma consulta para o dia, são os que viram as suas consultas presenciais substituídas por um telefonema", enumerou.
Numa intervenção de 30 minutos, Jerónimo de Sousa abordou o Orçamento do Estado para 2022, aprovado na passada sexta-feira, considerando que as medidas nele contidas já dão sinais de como "vão ser os quatro anos" do Governo do PS.
"Vão ser anos de agravamento das condições de vida dos trabalhadores e do povo e de favorecimento dos interesses e lucros dos grupos económicos e isso está bem patente, desde logo, quando se nega a dar resposta ao grave problema do aumento do custo de vida", sublinhou.
Salientando que o Governo "não quis nem quer enfrentar" a subida dos preços, o líder comunista considerou que o Executivo do PS está a empurrar "para cima das costas dos trabalhadores e do povo o arcar com todas as suas consequências negativas".
"A sua não intervenção apenas beneficia os grandes interesses e os grupos económicos e as suas cada vez mais claras atividades especulativas", vincou, defendendo o aumento dos salários e pensões.
Jerónimo de Sousa realçou que em 2021 "já tinha sido uma verdadeira festança, um maná de resultados excecionais para o grande capital", dando como exemplo os resultados então obtidos pela Galp, EDP, bancos e grande distribuição.
"No primeiro trimestre deste ano, o regabofe não só continua, como se alarga, enquanto sobra mês para os salários", sublinhou o dirigente comunista, lamentando que o Governo esteja ao lado das grandes empresas.
Segundo o líder do PCP, estão "unidos e bem unidos na defesa da tese que o patrão dos patrões da CIP [Confederação Empresarial de Portugal] sintetiza e replica quando afirma que "aumentar salários alimenta a inflação"".
"Só não se percebe é porque é que os preços sobem e sobem bem e há muito a massa salarial permanece praticamente estacionária. Não se percebe que quanto mais desvalorizados estão os salários, como está a acontecer, mais crescem os preços", disse.
Jerónimo concluiu que o objetivo "é pôr os salários e as pensões a pagar a crise que a especulação do grande capital e dos grandes negócios montou à sombra da epidemia, da guerra e das sanções".