A nova coordenadora da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, Sandra Araújo, diz ter muito trabalho pela frente, naquilo que será "uma corrida contra o tempo".
Em declarações à Renascença, a ainda diretora executiva da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN, na sigla inglesa) realça que o aumento de 12,5% do risco de pobreza ou de exclusão social em Portugal registados em 2020, anunciado pela Pordata, poderá pecar por defeito.
Segundo Sandra Araújo, o "diagnóstico apresentado já precisa de revisão", uma vez que, com a instabilidade que a Europa tem vivido nos últimos dois anos, o número de pessoas no limiar de pobreza deverá ser maior.
"No contexto da crise pandémica e agora desta crise da escalada dos preços, da inflação e da perda do poder de compra, naturalmente que os números, que foram agora conhecidos, evidenciam o agravamento da pobreza no nosso país."
A nova coordenadora terá agora 180 dias para apresentar o Plano Estratégico Nacional de Combate à Pobreza, num período que admite ser uma clara "corrida contra o tempo". "E tenho plena consciência de que tudo o que fizer será pouco."
Para Sandra Araújo, a decisão de criar esta estrutura em 2021 já foi tardia, quando a "EAPN fez apelos nesse sentido há muito tempo". "Agora, tenho essa missão nas minhas mãos."
Contudo, admite que, por agora, não são muitos os dados que tem sobre o que vai ficar sob a sua alçada. "Ainda não sei. Sei que haverá recursos, mas não sei exatamente. Tudo isto acaba por ser ainda muito recente para mim", confessa.
A nomeação de Sandra Araújo para o cargo de coordenadora da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2030 foi avançada à Renascença pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Ana Mendes Godinho acredita que a nova coordenadora será um "motor" para a resolução de problemas sociais em Portugal e que terá como prioridades o combate à pobreza infantil e à pobreza em contexto laboral.