A Ucrânia considerou esta segunda-feira "prematura e de "cautela excessiva" a decisão dos Estados Unidos de ordenarem a saída das famílias dos funcionários e outros trabalhadores da embaixada norte-americana em Kiev devido à ameaça militar da Rússia.
"Respeitando o direito dos Estados estrangeiros de garantir a segurança das suas missões diplomáticas, consideramos tal ação dos Estados Unidos prematura e uma demonstração de cautela excessiva", disse o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, num comunicado.
Apesar da tensão atual, "a situação de segurança não sofreu nenhuma mudança radical nos últimos tempos: a ameaça de novas ondas de agressão russa permanece constante desde 2014 e o aumento de tropas russas na fronteira (ucraniana) já começou em abril último", acrescentou Nikolenko.
O porta-voz ucraniano apelou “à calma", entretanto, denunciou os "esforços" de Moscovo para "desestabilizar a situação interna na Ucrânia".
O Governo norte-americano ordenou que as famílias dos diplomatas dos Estados Unidos colocados em Kiev abandonem a Ucrânia, “devido à ameaça persistente de uma operação militar russa”, anunciou no domingo o Departamento de Estado norte-americano.
O pessoal local e o pessoal não-essencial podem deixar a embaixada se desejarem, e os cidadãos norte-americanos residentes na Ucrânia “devem agora considerar” deixar o país em voos comerciais ou por outros meios de transporte, acrescenta o comunicado do Departamento de Estado norte-americano.
“A situação de segurança, especialmente ao longo das fronteiras ucranianas, na Crimeia ocupada pela Rússia e na região de Donetsk, controlada pela Rússia, é imprevisível e pode degradar-se a qualquer momento”, refere a nota de imprensa.
“Os cidadãos norte-americanos na Ucrânia devem estar cientes de que uma operação militar russa em qualquer ponto da Ucrânia afetaria gravemente a capacidade da embaixada norte-americana para fornecer serviços consulares, incluindo assistência aos cidadãos norte-americanos que estão a deixar a Ucrânia”, adverte o texto.
O Departamento de Estado insta também a comunidade norte-americana na Ucrânia a informar-se sobre “o que o Governo dos Estados Unidos pode ou não fazer para [lhes] dar assistência durante uma crise no estrangeiro”.
Por último, desaconselha ainda qualquer viagem à Ucrânia, devido à possibilidade de um ataque russo, embora o país fosse já desaconselhado aos viajantes norte-americanos devido à Covid-19.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou hoje que a União Europeia (UE) não está a pensar ordenar a retirada do seu pessoal diplomático da Ucrânia, a menos que o secretário de Estado norte-americano partilhe hoje “mais informação” que justifique tal medida.
Borrell recordou que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Anthony Blinken, vai participar hoje, por videoconferência, na discussão dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, sobre a situação de segurança na Ucrânia.
O Kremlin nega qualquer intenção bélica em relação a Kiev, mas vincula a diminuição das tensões a tratados que garantem, em particular, o não alargamento da NATO, em particular à Ucrânia.