O Major-General Raúl Cunha reconhece que não ficou “admirado por o Presidente Putin ter tomado a decisão de avançar para a guerra”, mas admite que não estava à espera de tanta rapidez numa ação militar.
Este militar na reserva diz que ainda é cedo para determinar quais os objetivos desta operação militar: “se fica contida nos territórios que foram reconhecidos pela Rússia [Donetsk e Lugansk] ou se se vai alargar ao resto da Ucrânia”.
Raúl Cunha diz que “as forças armadas russas estão a desgastar toda a estrutura militar ucraniana” e agora “as consequências que isso poderá ter e a forma como a Ucrânia vai reagir vai ser determinante” para o evoluir do conflito.
Em entrevista à Renascença, este militar considera que “o Ocidente tem culpas, porque ajudou a agravar a situação e porque nunca forçou o cumprimento dos acordos de Minsk”.
“É preciso muito cuidado”
O Major-General Raúl Cunha avisa que é preciso “ter muito cuidado com a situação, porque envolver o Ocidente militarmente neste conflito é um péssimo pronúncio”. Se o conflito se estender a todo o território da Ucrânia, “pode rapidamente subir de nível” e chegar a um conflito nuclear, considera.
Nesta entrevista à Renascença, este antigo comandante da Brigada de Reação Rápida do Exército, receia que entre elementos do governo, paramilitares e militares haja pessoas que tenham guardado algumas armas do arsenal nuclear que a Ucrânia tinha” e antecipa que “se houver utilização desse armamento a resposta russa será terrível.
Raúl Cunha “tem muito receio de que isso venha a acontecer” e acrescenta que “as forças armadas ucranianas estão infiltradas por gente muito pouco confiável, é preciso ter muito cuidado com isso”.
Já no final da entrevista volta a avisar que “este conflito é brincar com o fogo e de consequências imprevisíveis, espera que se limite a uma ocupação das regiões do Donbass.
“Se o conflito for mais alargado temo que as coisas possam evoluir de uma maneira muito perigosa”, conclui o Major General Raúl Cunha.