Nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado
27-05-2022 - 16:56
 • Ana Lisboa

As informações foram confirmadas à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre por diversos missionários presentes na região, mas que pediram anonimato por motivos de segurança.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou esta sexta-feira para o registo de "diversos incidentes graves, com a decapitação de pessoas, casas queimadas e um rasto preocupante de destruição".

A Fundação revela que o "grupo terrorista Estado Islâmico, que tem reivindicado nos últimos anos ataques na região de Cabo Delgado, parece estar a reorganizar-se localmente, passando a referir-se a si próprio como "Wilayah Moçambique", ou "Província de Moçambique".

Desconhece-se, até agora, o número de vítimas destes ataques.

Segundo declarações feitas à imprensa pelo comandante da polícia na província de Cabo Delgado, "os autores dos ataques entram nas aldeias, queimam casas, roubam comida e invadem as 'machambas', ou seja, os campos agrícolas considerados como locais de refúgio da população. Por vezes matam e raptam também alguns dos habitantes".

Estas informações foram confirmadas à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre por diversos missionários presentes na região que pediram anonimato por motivos de segurança.

A AIS acrescenta que "tanto os sacerdotes como as irmãs afirmam, no entanto, que estes ataques tiveram uma expressão maior do que as autoridades pretendem fazer crer, dando como exemplo que há vítimas entre elementos das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

"Não foram só civis que foram decapitados, mas também militares, mas isso o governo não permite divulgar e por isso nós temos uma dificuldade enorme em obter informações mais precisas", explica um religioso à fundação pontifícia.

Esta questão da violência terrorista e as suas consequências no agravamento da crise humanitária em Cabo Delgado foram destacadas por D. António Juliasse, que tomou posse como bispo de Pemba no passado sábado, dia 21 de maio".

Os ataques armados no norte de Moçambique começaram em outubro de 2017, e provocaram mais de três mil pessoas e cerca de 800 mil deslocados internos.

A Fundação AIS tem em curso neste país africano "diversos projetos de assistência pastoral e de apoio psicossocial, além do fornecimento de material para a construção de casas, centros comunitários e a aquisição de veículos para a Igreja Católica".