O Governo já enviou o memorando que estabelece que as responsabilidades de cada entidade envolvida na organização da Jornada Mundial da Juventude, marcada para agosto de 2023, altura em que o Papa vem a Portugal.
O documento responde à pergunta: “Quem faz o quê?”, e a Renascença sabe que voltou a ser endereçado pelo gabinete da Ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, aos vários organizadores: Fundação JMJ (Igreja), Câmara Municipal de Lisboa e Câmara Municipal de Loures.
O memorando já andou para trás e para a frente. Segundo o jornal Expresso, no final de julho, Carlos Moedas terá recusado assinar o documento.
A Renascença sabe que a nova versão do documento é a mais recente e “resulta de várias reuniões” entre as entidades e o gabinete de Ana Catarina Mendes.
Neste documento, que pretende contratualizar as tarefas de cada entidade, não estão divulgados os orçamentos de cada parte. Apenas ficam atribuídas as tarefas de cada organizador.
Até agora, o Governo disponibilizou 36,5 milhões de euros (16,5 milhões já previstos + 20 milhões aprovados na semana passada em Conselho de Ministros). A Câmara Municipal de Lisboa afirma que pode gastar até 35 milhões de euros. Loures orçamenta cerca de 10 milhões de euros em despesas com a Jornada.
No total e por excesso, o evento vai custar pelo menos 81,5 milhões de euros. Falta ainda saber com quanto é que a Igreja, através da Fundação JMJ, está disponível a contribuir para o evento que ela própria promove.
Permanecem também dúvidas sobre quantas pessoas e/ou peregrinos vêm a Lisboa na primeira semana de agosto de 2023. As inscrições vão abrir até ao final do mês de outubro, por isso ainda não existe uma estimativa sobre a adesão ao evento. As dúvidas acentuam-se também pelo facto de haver sempre uma adesão espontânea e de última hora em eventos desta natureza.
Lisboa diz-se “disponível” mas deixa aviso
É a entidade que mais contestou o documento. Em julho, o jornal Expresso noticiava que Carlos Moedas havia recuado e que se recusava a assumir o memorando apresentado pelo Governo.
Desta vez, parece haver uma maior abertura e o fumo branco aparenta aproximar-se. Em resposta à Renascença, o gabinete do vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta-Correia (que detém o pelouro das Jornadas), revela que a CML está disponível para assinar o acordo.
“ A CML está disponível para assinar o memorando, como sempre esteve, de acordo com os compromissos assumidos por todas as partes”. No entanto, nesta curta resposta que dá, há espaço para deixar um aviso às restantes entidades, alertando que cada um tem de cumprir a sua parte.
Município de Loures “pronto” a assinar quando o Governo quiser
Loures parece ter a situação mais afinada e alinhada. “Estamos prontos para a validação quando assim for entendido pelo Governo”, pode ler-se numa nota enviada pelo gabinete do presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, à Renascença.
Na resposta, a autarquia lourense confirma que recebeu a proposta de Memorando de Entendimento por parte do Governo, e revela que fez “alguns reparos de melhor definição do articulado”.
A luz verde está dada por parte do executivo municipal do socialista Ricardo Leão, que esta quinta-feira esteve a visitar as instalações da JMJ, situadas no Beato, em Lisboa.
Fundação JMJ não tem “comentários” a fazer
Mais curta é a Fundação JMJ. Em resposta à Renascença, a entidade pertencente ao Patriarcado de Lisboa confirma que recebeu a proposta de memorando por parte do Governo. No entanto diz que “não tem comentários a fazer” quando questionada sobre se está pronta a assinar o documento.