Seria inaceitável que a decisão de tratar as gémeas luso-brasileiras não tivesse sido exclusivamente médica.
É a resposta do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, questionado na última hora sobre a existência de eventuais pressões políticas para facilitar o acesso das duas bebés a um tratamento de quatro milhões no Hospital de Santa Maria.
Sem se alongar em muitos comentários, Manuel Pizarro garante estar “inteiramente disponível” para colaborar com as autoridades neste caso.
O governante diz ainda que seria inaceitável se se provasse que tinha havido interferência política.
“O que nós procuramos fazer nestes casos é enviar aquilo ao serviço - ‘vejam lá se esta pessoa tem razão, vejam lá, se de facto, o tratamento correu como a pessoa diz -’ e, depois, o que acontece nos serviços, na maior parte dos casos, não tenho feedback, espero que as pessoas procurem tratar bem todas as pessoas”, explica Pizarro.
Questionado sobre se estranharia se a decisão médica fosse ultrapassada por uma decisão, uma pressão política, o ministro diz que tal seria “inaceitável”.
“A decisão clínica tem que prevalecer no serviço de saúde, tem absoluta prioridade sobre todos os pontos de vista. Isso seria mesmo inaceitável”.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou esta segunda-feira que abriu um processo de inspeção ao caso das gémeas que vivem no Brasil e receberam um tratamento de quatro milhões de euros no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Em causa está uma reportagem da TVI segundo a qual duas gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo – para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.
Segundo a TVI, há suspeitas de que isso tenha acontecido por influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já negou qualquer interferência no caso.