Quase um quarto dos professores tem 60 ou mais anos, conclui o relatório sobre o "Estado da Educação 2021". O Conselho Nacional de Educação não esconde a preocupação pelo futuro e denuncia a falta de rejuvenescimento da classe.
De acordo com os dados do CNE, no ensino público em 2020/2021, a percentagem de docentes com 50 ou mais anos ultrapassava os 55%, exceto no primeiro ciclo do ensino básico. Mais de 27 mil docentes têm 60 ou mais anos, enquanto o número de professores com menos de 30 anos tem reduzido.
Em declarações à Renascença, Domingos Fernandes, presidente do CNE, fala de uma "cultura" de crescente desvalorização da carreira docente, não só pelas condições precárias da profissão, mas ainda pelo cortes no tempo de serviço.
"O professor tinha, necessariamente, de andar 20 ou 30 anos a mudar de escola, a saltar de um lado para o outro, a não ser vinculado, a ser contratado com 10 ou 12 horas."
Domingos Fernandes realça ainda que a falta de candidatos para os cursos superiores de formação de professores "é uma questão preocupante". Para o dirigente, "exige-se, não só do Ministério da Educação, mas também das instituições de ensino superior, uma estratégia que permita reverter esta situação".
Nos próximos sete anos, espera-se a reforma "de cerca de 30 mil professores". Pede-se "inovação", "não abdicando da qualidade da formação", mas o presidente tem "a certeza de que as universidades e institutos politécnicos dificilmente poderão responder a essa demanda".
Segundo vários estudos realizados, o Conselho Nacional de Educação estima que seja preciso recrutar à volta de 3.450 novos professores até 2030.
Dados da Direção Geral da Administração Escolar apontam que, ao longo do ano letivo 2021/22, a falta de professores tenha afetado quase 27 mil alunos, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e na região do Algarve.