Covid-19. A nova vaga da pandemia vai de Oeste para Leste?
31-01-2021 - 11:31
 • Paula Caeiro Varela

Foi a tese que referiu o primeiro-ministro, na passada quarta-feira, no programa da TVI "Circulatura do quadrado". No dia seguinte, o Presidente da República também deixou a hipótese na mensagem ao país. É possível, dizem os especialistas, mas não há certezas.

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"Provavelmente, estamos a assistir à primeira vaga que não vem de Leste para Oeste e que vai de Oeste para Leste", foram as palavras do primeiro-ministro, que acrescentou: "espero que não, espero que fique nas nossas fronteiras".

Um dia depois, na sua mensagem a propósito da renovação do estado de emergência, também o Presidente da República deixou a indicação para reforçar a necessidade de ação rápida.

"Se for verdade que, desta vez, a vaga começou a Ocidente e Portugal é dos primeiros e não dos últimos a sofrer a pandemia, então é preciso agir depressa e drasticamente".

Mas na última sexta-feira, quando questionado pelos deputados da Comissão Eventual para acompanhamento das respostas à pandemia, Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Pública Ricardo Jorge, afirmou que, embora seja o comportamento habitual de uma epidemia de gripe no inverno, não é possível determinar se essa será a evolução.

O investigador afirma que é esse o tipo de comportamento da gripe, enquanto doença infecciosa com expressão epidémica que pode ser comparada. "Efetivamente existe esse tipo de comportamento; na maioria das épocas de inverno, a epidemia começa no Reino Unido, Espanha e Portugal e depois passa para o resto da Europa", mas alertou que isto funciona em "situações normais".

“Atualmente, com os graus de confinamento das populações europeias e todas as medidas que são implementadas, não é certo que este comportamento possa vir a se revelar de novo".

Fase de crescimento pode inverter-se se medidas de confinamento forem efetivas

Na mesma audição, o especialista revelou que o valor do índice de transmissão está estimado nesta altura em 1.10, realçando que há um "claro desaceleramento da epidemia nas últimas semanas" e que, a continuar assim, acredita ser possível inverter a fase de crescimento nas próximas semanas.

Baltazar Nunes alertou, contudo, que isso depende do grau de implementação e efetivamente das medidas de restrição adotadas, acrescentado que para combater os atuais números e o grau de transmissibilidade "é muito difícil aplicar qualquer outro tipo de medidas menos restritivas".