Investigação. ​Forças Especiais britânicas mataram "detidos e civis desarmados" no Afeganistão
12-07-2022 - 21:22
 • Renascença

Uma unidade das SAS terá alegadamente matado sem justificação 54 pessoas, apenas numa comissão de seis meses, na província de Helmand, avança a BBC.

As forças especiais britânicas serão responsáveis pelo assassinato de dezenas de detidos e civis durante a guerra contra os talibãs no Afeganistão, revela uma investigação da BBC.

Uma unidade do Serviço Aéreo Especial (SAS, na sigla inglesa) terá alegadamente matado sem justificação 54 pessoas, apenas numa comissão de seis meses, na província de Helmand, no Afeganistão, segundo dados apurados pelo programa BBC Panorama.

A estação britânica levou a cabo uma investigação onde analisou centenas de documentos e contactou várias fontes.

De acordo com os relatórios militares a que os jornalistas da BBC tiveram acesso, entre 2010 e 2011, uma unidade da SAS realizou mais de uma dezena de operações apelidadas de “captura ou morte”.

Testemunhas disseram à investigação ter visto operacionais a matar afegãos desarmados durante operações noturnas.

Para dissimular e justificar as mortes de civis e detidos, os militares daquela unidade das forças especiais “plantavam” armas no local, como metralhadoras AK-47 ou granadas.

Estes elementos das SAS também fariam competições entre esquadrões para ver quem conseguia matar mais afegãos.

De acordo com a BBC, o chefe das forças especiais, o general Mark Carleton-Smith, foi informado sobre as alegadas execuções de afegãos, mas não passou o caso à Real Polícia Militar para investigação das denúncias.

A Polícia Militar lançou, em 2014, a Operação Northmoor, para investigar suspeitas sobre militares britânicos no Afeganistão, mas o caso foi encerrado sem indícios de crime.

Questionado sobre as novas revelações da investigação da BBC, o Ministério da Defesa não comenta as alegações, mas está aberto a considerar novas provas.

As forças britânicas fizeram parte da aliança ocidental que abandonou o Afeganistão em agosto do ano passado, após a reconquista do poder pelos Talibãs.