Algumas piadas, uma referência a Setúbal e abraço como “gesto de carinho”. Na hora de ser criado cardeal, em cerimónia no Vaticano, D. Américo Aguiar teve uma troca de palavras com o Papa Francisco e foi um dos novos cardeais mais ovacionados na Praça de São Pedro. O Papa pediu ao colégio cardinalício que atue como uma orquestra, D. Américo aproveita a metáfora para dizer: "vamos dar música".
“Quando estava a subir aquela rampa, lembrei-me do dia de vigília do Papa, sozinho, no contexto de pandemia e isolamento. Senti a partilha desse peso, dessa caminhada. Depois, a partir do momento em que nos entregamos nas mãos de Deus, seja o que Deus quiser. E assim aconteceu”, disse em declarações à Renascença após ser elevado a cardeal.
Ao elevá-lo a cardeal, o Papa atribuiu a D. Américo a Igreja de Santo António de Pádua na Via Merulana, em Roma, o que motivou algumas piadas de Francisco e que o cardeal considerou serem “sinais”. “E falou de Setúbal, por isso tem Setúbal no seu coração, o que é particularmente bonito e inspirador”, adiantou D. Américo.
Sobre o discurso de Francisco, em que comparou o Colégio Cardinalício a uma orquestra, o novo cardeal disse que um homem do Norte “rapidamente se adapta a qualquer instrumento”: “Eu não sou muito bom a música, mas faço agora parte de uma orquestra sinfónica e sinodal e agora vamos dar música”.
O momento ficou ainda marcado por um forte abraço entre D. Américo Aguiar e o Papa. “Sempre que nos encontramos tenho este gesto de simpatia, de carinho. De avô e neto, de pai e filho, de sucessor de Pedro e de colaborador próximo. Sempre o fiz, porque não sei fazer de outra maneira”, disse.
Francisco dirigiu ainda algumas “palavras especiais”, que D. Américo não revelou. “Faz parte da confiança que vamos construir”, considerou.
Aos 49 anos de idade, D. Américo Aguiar tornou-se no segundo membro mais jovem do Colégio Cardinalício. Além de D. Américo Aguiar foram criados 20 novos cardeais este sábado.
Portugal passa a ter assim seis cardeais no ativo. Para lá de Américo Aguiar, o país tem também D. José Saraiva Martins, D. Manuel Monteiro de Castro, D. Manuel Clemente, D. António Marto e D. José Tolentino Mendonça no Colégio Cardinalício.