Ainda antes da abertura, já eram mais de três dezenas as crianças que, acompanhadas pelos pais, aguardavam à entrada do Centro de Vacinação de Carnaxide, em Lisboa.
Durante a espera, muitos adultos chegaram para serem vacinados. Mas alguns dos elementos da equipa de vacinação que já se encontravam explicaram que, como tem sido amplamente divulgado, de quinta-feira até domingo só há regime Casa Aberta durante a tarde para a comunidade escolar (professores, auxiliares e funcionários de creches e ATL). E mesmo para estes, só com senha digital, obtida no site da DGS. E que até domingo, as manhãs são exclusivamente para vacinar crianças, dos 5 aos 11 anos.
Explicações que, ainda assim, não foram suficientes para alguns que, de forma rude e inconformada, mostravam o seu desconhecimento da situação e, em certos casos, até alguma falta de educação para com quem estava ali para os ajudar, ao lhes dirigirem insultos gratuitos e injustificados.
Na fila, Emília Pena acompanhava o filho. Admitia que logo nos primeiros agendamentos, teve algumas “dúvidas quanto à vacinação das crianças”. Mas de qualquer forma, “como tudo se encaminha para todos termos de ser vacinados”, lá agendou a vacinação da criança.
“De alguma forma, é uma responsabilidade civil. Eu faço parte da sociedade, como ele. E é uma obrigação ser vacinado”, diz esta mãe, que assume, contudo, ter ainda algumas dúvidas - ainda que mínimas - sobre o benefício para as crianças.
“Percebo que minimize os sintomas, mas de qualquer forma, como não temos dados suficientes para podermos acreditar na totalidade, tenho algumas dúvidas.”
Às nove em ponto, abriram as portas do Centro de Vacinação. Jose Mário Sousa, bombeiro no Dafundo, no concelho de Oeiras, dava a mão ao filho ao mesmo tempo que admitia ter dúvidas.
“Há médicos a favor e médicos contra. Dai os medos, porque são os nossos filhos. Mas se calhar em caso de infeção, é preferível ter a vacinação para os efeitos não sejam fatais”.
Outro dos motivos pelos quais decidiu vacinar o filho “são os idosos da família, que são pessoas de risco”.
Lá descem a rampa de acesso à entrada principal, desinfetam as mãos à entrada e acedem à enorme zona do Pavilhão Carlos Queiroz em que esperam para ser chamados para a inoculação. Os primeiros entram num dos 14 gabinetes de vacinação, instalados quase a meio do pavilhão, e lá recebem a dose pediátrica desta vacina contra a Covid-19. Alguns, sobretudo os mais novos, gritam e choram - o que faz com que os que esperam ainda fiquem mais nervosos.
Nem os palhaços contratados para os distrair, e que lhes enchem figuras feitas com balões, conseguem “abafar” o som que vem dos gabinetes.
Os já vacinados já aguardam na zona dedicada ao recobro. Meia hora depois, abandonam o local, com um livro debaixo do braço e um lanche, oferecido pelo município de Oeiras. Até domingo, vai ser assim.