O Twitter suspendeu esta quinta-feira as contas de vários jornalistas que escreveram recentemente sobre o novo proprietário da rede social, Elon Musk, sem qualquer justificação da parte da empresa.
Todos têm escrito sobre o caos em que o Twitter se viu envolvido desde que Musk adquiriu a empresa por 41 mil milhões de euros.
Entre os jornalistas suspensos do Twitter estão profissionais da CNN Internacional, do "New York Times" e do "Washington Post" que têm acompanhado as atribulações de Musk desde que é patrão do Twitter.
Respondendo a um tweet sobre as suspensões de contas, Musk, que se autointitula absolutista na defesa da liberdade de expressão, escreveu que "As mesmas regras de doxxing aplicam-se aos 'jornalistas' e a todos os outros", uma referência às regras do Twitter que proíbem a partilha de informações pessoais.
O tweet de Musk referia-se à suspensão da conta “ElonJet” no Twitter esta quarta-feira, uma conta que rastreia o seu jato privado em tempo real utilizando dados disponíveis no domínio público, ou seja, acessíveis a qualquer pessoa.
Musk tinha ameaçado com uma acção legal contra o operador da conta, um jovem na casa dos 20 anos, dizendo que um veículo onde seguia um dos seus filhos teria sido perseguido por um indivíduo não identificado, que teria ameaçado a segurança dos ocupantes, alegadamente por julgar que o patrão da Tesla estaria a bordo.
A Polícia de Los Angeles não confirmou a existência do incidente denunciado por Musk, e disse à comunicação social que não tinha sido apresentada qualquer queixa. Por outro lado, é difícil discernir em que medida uma conta de Twitter que seguia um avião poderia ser responsabilizada por um ataque a um automóvel - tanto mais tendo em conta que a “ElonJet” não publicava qualquer tweet desde o dia 12, e o suposto ataque à viatura do filho de Musk aconteceu no dia 14.
Esta quinta-feira, publicou no Twitter que haveria uma suspensão de sete dias para quem partilhasse informações pessoais, seguido de uma sondagem pedindo aos utilizadores do Twitter para votarem sobre quando restabelecer as contas.
Media condenam suspensão de contas
Entre as contas suspensas estava a do repórter do "Washington Post" Drew Harwell, que escreveu na plataforma Mastodon (alternativa ao Twitter) recentemente sobre Musk e partilhou links para "dados disponíveis ao público, legalmente adquiridos".
Sally Buzbee, editora executiva do Post, disse à Reuters que a suspensão de Harwell minou as alegações de Musk de que tencionava gerir o Twitter como uma plataforma dedicada à liberdade de expressão.
Harwell, no entanto, conseguiu falar numa conversa no Twitter com colegas jornalistas no final da noite de quinta-feira, uma conversa em que o próprio Musk se apresentou brevemente.
"Se dox (quem partilha informações pessoal), é suspenso. Fim da história", disse Musk no chat, uma vez que Harwell rejeitou a afirmação de que tinha exposto a localização de Musk em tempo real, dizendo que tinha simplesmente publicado sobre "ElonJet”.
As contas do jornalista do "New York Times" Ryan Mac, do repórter da CNN Donie O'Sullivan, e do jornalista da Mashable Matt Binder também foram suspensas, tal como a do jornalista independente Aaron Rupar.
Ryan Mac publicou recentemente uma série de tópicos do Twitter sobre a suspensão da conta “ElonJet” e entrevistou Jack Sweeney, o operador da conta com 20 anos de idade.
Um porta-voz do The New York Times chamou às suspensões "questionáveis e infelizes". Nem o The Times nem o Ryan receberam qualquer explicação sobre a razão pela qual isto ocorreu. Esperamos que todas as contas dos jornalistas sejam restabelecidas e que o Twitter forneça uma explicação satisfatória para esta acção".
A CNN disse também que tinha pedido ao Twitter uma explicação sobre as suspensões e que reavaliaria a sua relação com a plataforma com base nessa resposta.