A comissária europeia com a pasta da imigração, Ylva Johansson, disse esta sexta-feira que a União Europeia está "muito muito perto de fechar" o pacto para as migrações e asilo e que espera que aconteça ainda este ano.
"Estamos muito muito perto de o fechar", disse Ylva Johansson, que disse esperar que o novo pacto europeu para as migrações e asilo seja concluído ainda durante a presidência espanhola do Conselho da União Europeia, que termina no final do ano.
Ylva Johansson falava nas ilhas espanholas das Canárias, que este ano está a lidar com números inéditos de chegadas de migrantes em embarcações precárias oriundas da costa ocidental africana.
Entre janeiro e 30 de novembro, as autoridades espanholas registaram a chegada ao arquipélago, de forma irregular, de 35.410 pessoas, um número superior ao de qualquer outro ano civil completo. Mais de 4.000 dessas pessoas são menores de idade não acompanhados.
No conjunto de Espanha, há registo de 50.551 chegadas até 30 de novembro.
"É um verdadeiro desafio para estas ilhas", afirmou a comissária, que disse às autoridades das Canárias e de Espanha que "não estão sozinhas", prometendo apoio de Bruxelas.
O fenómeno migratório é "uma responsabilidade partilhada" e exige "uma resposta europeia", acrescentou, referindo que, por outro lado, a Comissão tem também trabalho e vai continuar a trabalhar com os países africanos de trânsito dos migrantes, para prevenir as saídas perigosas de embarcações, combater os traficantes de seres humanos e desenvolver outros níveis de cooperação.
Ylva Johansson foi hoje às Canárias com ministros do Governo de Espanha e com a secretária de Estado das Migrações da Bélgica, país que vai assumir a presidência semestral europeia em 01 de janeiro.
O ministro da Administração Interna espanhol, Fernando Grande-Marlaska, destacou que as fronteiras de Espanha, no sul do país e nos arquipélagos das Canárias e das Baleares, são também fronteiras da Europa e a resposta ao fenómeno da migração irregular tem de ser "uma obrigação partilhada" e não apenas dos países que são primeira entrada.
Insistindo em que não há "soluções mágicas nem atalhos", Grande-Marlaska sublinhou que Espanha tem tido como "cavalo de batalha" a necessidade de "a dimensão exterior", com "cooperação permanente, não apenas temporária, com os países de trânsito e origem", integrar a política migratória da União Europeia.
O ministro considerou que esta dimensão serve, sobretudo, para salvar vidas e lembrou que a designada "rota das Canárias" é considerada das mais perigosas das rotas de migração entre África e a Europa.
Segundo uma estimativa citada pela própria comissária, morreram cerca de 7.500 pessoas a tentar chegar às Canárias desde 2020, sendo esta "a rota mais mortífera".
O presidente do governo regional das Canárias pediu mais fundos europeus para as ilhas lidarem com o fenómeno migratório e "esta situação extraordinária".
Espanha atribui à desestabilização política na região africana do Sahel e às condições meteorológicas excecionalmente boas dos últimos meses, entre outros motivos, a chegada recorde de migrantes este ano às Canárias.