António Costa inaugurou esta sexta-feira o primeiro Pavilhão de Portugal numa Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas sob o lema "É suficiente?", uma pergunta a que o primeiro-ministro respondeu afirmando que é preciso mais.
No segundo dia da 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no Dubai, Emirados Árabes Unidos, Portugal, que até agora participava no âmbito da representação da União Europeia, inaugurou o seu primeiro pavilhão.
O espaço, com cerca de 20 metros quadrados, vai acolher, ao longo da cimeira, mais de três dezenas de iniciativas, promovidas por vários organismos, governamentais e não governamentais.
Nas paredes, vão passando nos ecrãs alguns dos avanços e compromissos climáticos do país, mas há uma pergunta que se repete: "Is it enough?" ("É suficiente?", em português). A resposta foi dada pelo primeiro-ministro, durante a cerimónia de inauguração do Pavilhão de Portugal.
"Entendemos que temos de fazer mais e, por isso, temos vindo a aumentar as nossas metas, a nossa exigência e os desafios que colocamos para podermos ir mais rápido e podermos ir mais longe", disse António Costa.
Melhorar a eficiência energética, reduzir o consumo, aumentar a produção de energia renovável foram alguns dos objetivos sublinhados pelo primeiro-ministro, que adiantou que o "próximo grande passo" será o início da adjudicação, em março, dos lotes para o desenvolvimento de centros electroprodutores baseados em fontes de energias renováveis de origem ou localização oceânica.
Questionado sobre o futuro da ação climática em Portugal após as eleições legislativas marcadas para 10 de março, o primeiro-ministro demissionário defendeu que esse deve ser um compromisso do país "consigo, o conjunto da humanidade, com a comunidade internacional e com o futuro".
"Independentemente da escolha dos portugueses no dia 10 de março, é fundamental termos consciência de que não podemos interromper estes projetos de transformação em curso e que são fundamentais", considerou, referindo projetos como o desenvolvimento de hidrogénio verde e de combustíveis sintéticos indispensáveis para alguns setores.
"O que os relatórios científicos nos vêm dizer é que temos mesmo de acelerar o investimento se queremos não desperdiçar a última oportunidade que temos de inverter (a tendência de aquecimento)", acrescentou.
Aos jornalistas, António Costa comentou o processo judicial movido pela associação ambientalista Último Recurso, anunciada na segunda-feira por falhar na aplicação da lei de bases do clima, respondendo que Portugal é considerado um dos países mais bem colocados no que respeita à neutralidade carbónica e tem ambição para fazer mais.
Durante a cerimónia, o primeiro-ministro assinou ainda as duas resoluções aprovadas na semana passada pelo Conselho de Ministros, relativas à criação do Parque Natural Marinho do Algarve - Pedra do Valado, no sul do país, e à adesão ao compromisso internacional criar áreas protegidas que cubram pelo menos 30% da superfície terrestre continental.
Um gesto simbólico para mostrar que "não é suficiente e é necessário continuar a avançar". "Espero que não haja nenhum problema constitucional", brincou.
O primeiro-ministro está entre hoje e sábado no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, acompanhado dos ministros dos Negócios Estrangeiros e do Ambiente e Ação Climática para participar na COP28, que decorre até 12 de dezembro.