Portugal subiu um lugar no Índice de Perceção da Corrupção de 2021, publicado pela Transparency International, e ocupa agora a 32.ª classificação.
Ainda assim, a presidente da Transparência Internacional Portugal, Susana Coroado, diz que não foi suficiente porque o poder político e o regulador da banca ficaram fora da estratégia.
“A própria transparência internacional faz notar que ficou muito de fora da estratégia. O facto de ter deixado de fora os órgãos de soberania, os partidos políticos, o Banco de Portugal, etc., significa que a estratégia embora seja um bom instrumento não é suficiente para aquilo que o país precisa para combater a grande corrupção e a corrupção no topo dos cargos públicos e políticos”, afirma.
A presidente da Transparência Portugal mostra-se “surpreendida” e “sobretudo desiludida” pelo facto de em plena campanha para as legislativas os partidos políticos não apresentarem as suas estratégias de combate à corrupção.
“Apesar de a maioria [dos partidos] ter medidas inscritas nos programas eleitorais não têm debatido a questão do combate à corrupção. Não é fácil perceber quais sãos as diferenças e as prioridades que os partidos têm nesta matéria e isto leva-nos a crer que se calhar esta falta de empenhamento no combate à corrupção se vai manter”, assinala Susana Coroado.
No entender da presidente da Transparência Internacional Portugal, é preciso saber o que os partidos pensam sobre corrupção, lembrando que há um “documento político do atual Governo” e é preciso saber se o futuro Governo, seja ele qual for, o vai manter, fazer cumprir, ou se vai “alterar ou deixar cair e qual é a posição dos futuros grupos parlamentares em controlar a implementação desta estratégia”.
Portugal ocupa a 32.ª posição empatado com a Coreia do Sul, com 62 pontos numa escala de 100, abaixo do valor médio da União Europeia, que é de 64 pontos. O índice de 2021 da Transparência Internacional é liderado pela Dinamarca e pela Nova Zelândia com 88 pontos, os mesmos que a Finlândia. Nos últimos lugares estão a Síria e a Somália, com 13 pontos e o Sudão do Sul, com 11.
Criado em 1995, o Índice de Perceção da Corrupção (CPI) analisa “os níveis de corrupção no setor público de 180 países e territórios, pontuando-os de 0 (percecionado como muito corrupto) a 100 (muito transparente)”.