Na passada quinta-feira, um comunicado da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa da Igreja Católica anunciou ter aprovado, por unanimidade, a atribuição de compensações financeiras a vítimas de abusos sexuais no contexto da Igreja em Portugal.
Os montantes das compensações serão determinados por uma comissão de avaliação. Além disso, a Conferência Episcopal decidiu criar um fundo para este efeito, “que contará com o contributo solidário de todas as dioceses”.
Terem existido milhares de abusos no âmbito da Igreja representa um trauma para os católicos. Não serve dizer que noutras esferas da sociedade também houve abusos. Acontece que o escândalo é maior quando os abusos são praticados por homens da Igreja, supostos anunciadores dos valores do Evangelho de Cristo. É uma dolorosa contradição.
Nos anos recentes assistiu-se a reações defensivas de alguns bispos portugueses a este escândalo. A ideia de compensar financeiramente vítimas dos abusos parecia não ser consensual no episcopado português.
Felizmente, foi possível os bispos decidirem unanimemente atribuir, não indemnizações, mas compensações financeiras às vítimas que o venham a solicitar. Claro que nada compensa o sofrimento das vítimas, mas um gesto destes só enobrece a Igreja.
Muita coisa irá ainda acontecer neste processo, que não é fácil. Mas importa saudar a decisão da Conferência Episcopal - finalmente, uma boa notícia.