O presidente do governo regional dos Açores faz duas sugestões ao líder do PSD, Luís Montenegro, na hora formar um executivo: "Humildade democrática" para o diálogo e não abdicar "dos nossos princípios e valores humanistas, interclassistas e intergeracionais", afirma José Manuel Bolieiro, em entrevista à Renascença.
No dia em que viu aprovado o seu programa de Governo, nos Açores, José Manuel Bolieiro esclarece quais serão as bandeiras do Chega a incluir no seu plano de ação e que, garante, em nada adulteram o seu programa de governo.
O presidente do governo regional dos Açores confirma que haverá um entendimento escrito com o Chega para, na execução do programa do executivo, enquadrar nas orientações de médio prazo “os resultados e as metas que pretendemos ambos”.
José Manuel Bolieiro sublinha que não se trata de adulterar o seu programa, mas de incluir “bandeiras” que são compatíveis com o seu programa eleitoral, esta sexta-feira carimbado na Assembleia Regional.
O líder do Chega nos Açores, José Pacheco, disse que haverá nos próximos dias um acordo escrito para a governabilidade no arquipélago e que incluirá algumas bandeiras do Chega. Confirma?
Nós vamos estabelecer, sim, um entendimento para as opções de médio prazo. Por isso a razão da plurianualidade.
E haverá um entendimento escrito com o Chega?
Haverá este entendimento para, na execução do programa do governo, enquadrar nas orientações de médio prazo os resultados e as metas que ambos pretendemos. E não há mais do que isso, porque não se trata de adulterar o programa do governo. Trata-se de confirmar o que está no programa do Governo.
José Pacheco disse também que as bandeiras do Chega estarão lá, pelo menos algumas.
Aquelas que são compatíveis com o meu programa eleitoral, que foi viabilizado na Assembleia que se realizou hoje e aprovou o programa do Governo.
Ou seja, de forma nenhuma o programa do Governo será adulterado?
De forma nenhuma será adulterado. O programa do Governo foi acrescentado face, também, às propostas eleitorais do Chega, que são compatíveis com o meu programa eleitoral. E, por isso, está valorizado com estas propostas dos partidos que, afinal, viabilizaram o programa do Governo e, em particular, com a força decisiva das abstenções do Chega.
E que bandeiras são essas que o senhor aceitou, e que são compatíveis com o seu programa?
Desde logo, no reforço do investimento na habitação, nas referências ao combate à corrupção e ao fortalecimento do Gabinete de Prevenção e Transparência para Combate à Corrupção, as referências à valorização dos rendimentos, designadamente dos pensionistas e reformados com mais baixas pensões.
Tem havido alguns rumores de que José Pacheco poderá vir a ser substituído por alguém mais extremista. Tem notícias disso?
Não, não tenho. Pelo contrário, o que sinto é a consolidação de uma postura moderada e que quer fazer parte da solução e não do problema. E, portanto, é com base nisso que eu deixo bem patente: É com moderação e, sobretudo, com a aceitação de uma concretização do programa do Governo que conto.
O senhor tem experiência de dialogar, nomeadamente com o Chega, e de já ter tido um Governo. Que sugestões é que daria ao líder do PSD, Luís Montenegro, ele que deverá ter de iniciar negociações com todos os partidos e, provavelmente, também irá conversar com o Chega?
Bom, desde logo a que não prescindamos dos nossos princípios e valores humanistas, interclassistas e intergeracionais. Em segundo lugar, termos humildade democrática. É do interesse do país a governabilidade e a estabilidade política, conversarmos com aqueles que obtiveram um mandato popular, em eleições livres e democráticas, para poderem ser parte da solução para um bom Governo.