O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou o Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e a sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, de terem orquestrado uma votação que não foi "nem livre nem justa e menos ainda democrática".
"A prisão arbitrária de quase 40 figuras da oposição desde maio, incluindo sete potenciais candidatos presidenciais, e o bloqueio de partidos políticos, sabotou o resultado bem antes do dia da eleição", pode ler-se num comunicado divulgado no domingo, dia de eleições na Nicarágua, que devem dar ao Presidente Daniel Ortega, de 75 anos, o seu quarto mandato consecutivo, após 14 anos no poder.
No comunicado, Biden recordou que "a família Ortega e Murillo governam agora a Nicarágua como autocratas, em nada diferentes da família Somoza que Ortega e os Sandinistas combateram há quatro décadas".
Apelando para que a democracia da Nicarágua seja restaurada e os presos políticos libertados, o Presidente norte-americano afirmou que os Estados Unidos da América "vão usar todas as ferramentas diplomáticas e económicas ao seu dispor para apoiar o povo da Nicarágua e responsabilizar o governo Ortega-Murillo, bem como aqueles que permitem os seus abusos".
Uma grande parte da comunidade internacional negou qualquer legitimidade ao escrutínio. Para o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o processo eleitoral "perdeu toda a credibilidade", enquanto o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, o considerou uma "farsa".
Nos últimos meses, a perseguição aos opositores foi contínua e desde junho foram detidas 39 pessoas, entre personalidades políticas, empresários, camponeses, estudantes e jornalistas.
Segundo uma sondagem da Cid-Gallup, se pudessem escolher, 65% dos 4,3 milhões de eleitores votariam num candidato da oposição e só 19% no Presidente cessante.
O governo recusou os observadores independentes e jornalistas de vários media internacionais foram proibidos de entrar na Nicarágua.