O arcebispo Paul Hinder, atual administrador apostólico do Vicariato da Arábia setentrional, diz que o Papa Francisco vai encontrar no Bahrain uma comunidade cristã vibrante.
A visita histórica de Francisco ao reino do Bahrain tem início esta quinta-feira e prolonga-se até domingo, 6 de novembro, com a missa de encerramento a ter lugar no estádio nacional.
“Conhecendo o nosso povo, será uma missa muito festiva”, disse o prelado durante uma conferência organizada a nível internacional pela Fundação AIS.
O arcebispo estima a presença de cerca de 28 mil pessoas que irão encher por completo o recinto desportivo. Entre os presentes, espera-se que pelo menos cerca de duas mil pessoas venham da Arábia Saudita.
Para o arcebispo Paul Hinder, esta viagem deve ser vista como uma continuidade do que o Santo Padre tem vindo a fazer em outros países de maioria muçulmana.
O prelado lembra que o Papa “já visitou vários países muçulmanos e sempre com o mesmo propósito: encontrar uma plataforma onde, sem comprometer as nossas crenças, possamos formar comunidades construtivas positivas para construir o futuro e contribuir para salvar o mundo”, assinalado que com esta visita o “Papa não está a inventar nada de novo, há uma continuidade nos seus objetivos”.
Francisco desloca-se ao Bahrain a convite das autoridades civis e eclesiásticas, com o objetivo também de participar na sessão de encerramento do "Fórum para o Diálogo".
De acordo com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, no Bahrain existe uma relativa liberdade de culto e isso é testemunhado no facto de ter sido o próprio monarca, o Rei Hamad bin Isa al Kalifa, a oferecer os terrenos para a edificação da Catedral de Nossa Senhora da Arábia, o maior templo da região do Golfo e que foi construída com o apoio dos benfeitores da fundação pontifícia.
“A beleza do ministério aqui é lidar com cristãos ativos. Não há necessidade de implorar para que venham à missa”, referiu o arcebispo, observando que o “principal problema é a falta de espaço. Isso dá-nos satisfação e alegria”.
Segundo a AIS, na sua esmagadora maioria, os cristãos são trabalhadores vindos de países como Filipinas, Índia, ou Sri Lanka, vítimas muitas vezes da exploração laboral e que ao perderem o trabalho são forçados a abandonar o país. Algo que se tornou dramático em tempos de pandemia.
“Centenas de milhares perderam os seus empregos durante a Covid, e parece que esse processo pode continuar, pelo que há insegurança, pois têm famílias que dependem deles, seja no Golfo ou nos seus países de origem. As famílias separadas são outro desafio para o trabalho pastoral”, disse o prelado à AIS.
Apoiar estas comunidades constitui-se como um desafio até tendo em conta que as “estruturas da Igreja, em comparação com outros países, são relativamente pobres”, diz D. Paul Hinter, destacando, no entanto, que “há solidariedade na Igreja, os pobres são muitas vezes generosos”. Uma generosidade que se tem revelado insuficiente face aos desafios que se colocam no dia-a-dia. Por isso, o administrador apostólico destaca a importância da ajuda recebida por instituições como a Fundação AIS.