O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, denunciou esta quinta-feira a "nova carnificina" e mortes "totalmente inaceitáveis" de mais de 100 civis que aguardavam ajuda humanitária em Gaza.
"Estou horrorizado com os relatos de mais carnificina entre civis em Gaza que estavam desesperados por ajuda humanitária", destacou Borrell, através da rede social X.
"Essas mortes são totalmente inaceitáveis", acrescentou o alto representante para a Política Externa e Segurança da UE.
Pelo menos 109 habitantes de Gaza morreram e 760 ficaram feridos durante a madrugada, enquanto aguardavam a chegada de ajuda humanitária transportada por uma caravana de 32 camiões, segundo o Ministério da Saúde, controlado pelo movimento islamita Hamas, que responsabilizou as tropas israelitas.
Por seu lado, o Exército israelita negou esta sexta-feira ter atacado um comboio humanitário no norte de Gaza, afirmando que os militares estavam a garantir a segurança dos camiões, e garantiu que Israel não limita a ajuda destinada aos palestinianos.
"Não houve qualquer ataque das Forças de Defesa de Israel [FDI] sobre esta ajuda. As FDI estavam a conduzir uma operação humanitária", afirmou o porta-voz do exército israelita Daniel Hagari, numa conferência de imprensa.
Antes, fontes israelitas tinham admitido à agência France-Presse ter disparado munições reais contra a multidão.
Segundo o contra-almirante, "infelizmente, dezenas de mortos e feridos" resultaram de "um incidente", ocorrido pouco antes das 05:00 locais (03:00 em Lisboa), em que "milhares de habitantes de Gaza começaram a empurrar violentamente" os camiões de ajuda humanitária e "a pilhar os bens humanitários".
As FDI, sublinhou, "estavam a garantir a segurança do corredor humanitário para que o comboio humanitário pudesse chegar ao destino, no norte de Gaza" -- uma operação que os militares fizeram nas últimas quatro noites" e, até aqui, "sem qualquer problema".
Durante esta operação humanitária, descreveu, "uma multidão emboscou o comboio, obrigando-o a parar", enquanto os tanques israelitas "tentaram dispersar a multidão com tiros de aviso".
"As centenas [de pessoas] tornaram-se milhares e os tanques retiraram-se de forma cautelosa e segura, [com os militares] a arriscar as suas próprias vidas e sem disparar sobre a multidão", disse Hagari.
As forças israelitas, garantiu, "agiram de acordo com a lei internacional".
"A nossa guerra é contra o Hamas, não contra o povo de Gaza (...). Reconhecemos o sofrimento [dos civis]", disse o representante do exército, que garantiu que Israel está a procurar "formas de expandir esforços humanitários" no enclave palestiniano.
O Exército israelita lançou uma ofensiva contra Gaza em retaliação aos ataques do grupo islamita palestiniano de 07 de outubro, que provocaram quase 1.200 mortos e 240 raptados.
Desde então, as autoridades de Gaza relataram a morte de mais de 30.000 palestinianos, além de mais de 400 na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, devido às ações das forças de segurança e aos ataques israelitas.